A economia da China cresceu 5% em 2024, conforme anunciado pelo Gabinete Nacional de Estatísticas nesta sexta-feira (17). Apesar de atingir a meta de “cerca de 5%” definida pelo governo, o índice representa o pior desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) chinês desde 1990, com exceção dos anos afetados pela pandemia. Em 2023, o crescimento foi ligeiramente superior, de 5,2%.
O fraco desempenho reflete problemas estruturais, incluindo a lenta recuperação do consumo interno, uma prolongada crise no setor imobiliário e o endividamento dos governos locais. Segundo analistas ouvidos pela AFP, a desaceleração deve persistir, com projeções de crescimento de 4,4% em 2025 e abaixo de 4% em 2026.
“Pressões internas e externas” afetam crescimento econômico
O Gabinete Nacional de Estatísticas descreveu o cenário como “sério e complicado”, destacando que “as pressões externas e as dificuldades internas estão aumentando”. A agência enfatizou os desafios econômicos: demanda doméstica insuficiente, problemas operacionais para algumas empresas e uma conjuntura internacional adversa.
Embora as medidas restritivas da pandemia tenham sido suspensas, a segunda maior economia do mundo ainda não conseguiu se recuperar totalmente. O consumo interno segue fraco, com as vendas no varejo crescendo apenas 3,5% em 2024, em comparação com 7,2% no ano anterior.
Em contrapartida, a produção industrial registrou um leve avanço, subindo de 4,6% em 2023 para 5,8% no ano passado. Já as exportações atingiram um recorde histórico, mas o cenário externo apresenta incertezas, como as tarifas prometidas pelo presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, que devem impactar negativamente o comércio exterior chinês.
Medidas econômicas
Para reverter o cenário, o governo chinês implementou uma série de medidas, incluindo cortes de taxas de juros, flexibilização da dívida para governos locais e subsídios para a habitação. O banco central chinês indicou que continuará com cortes de juros até 2025, adotando uma política monetária “moderadamente flexível”.
No entanto, analistas alertam que essas medidas podem não ser suficientes. Segundo Harry Murphy Cruise, da Moody’s Analytics, “a China sofre uma crise de confiança, não de crédito”. Ele explica que tanto famílias quanto empresas hesitam em assumir novos empréstimos, mesmo com taxas de juros reduzidas.
Apesar das dificuldades, as autoridades chinesas continuam buscando estimular a economia, mas o mercado interno enfrenta resistência para retomar o ritmo de consumo. Especialistas apontam que esforços mais amplos, incluindo políticas que incentivem o consumo e restaurem a confiança de famílias e empresas, serão necessários para reverter o quadro.