Brasília – O Palácio do Planalto está em alerta com a atuação dos suplentes de ministros no Senado e a ausência de lideranças capazes de enfrentar a oposição bolsonarista em um cenário que promete ser de intensos embates ideológicos em 2025. A análise interna do governo reflete preocupações sobre o fortalecimento de um Senado mais hostil ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), especialmente diante da renovação de dois terços da Casa nas eleições de 2026.
Um Senado em tons plebiscitários
Assessores políticos do Planalto consideram que 2025 será marcado por um ambiente de “plebiscito” no Senado, com a oposição buscando vincular o governo petista a pautas identitárias e ampliando críticas ao Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo fontes próximas ao Planalto, a ausência de senadores experientes e combativos tem dificultado o enfrentamento no plenário e nas comissões, o que deixa o governo vulnerável.
As preocupações são intensificadas pelo fato de que, das 81 cadeiras do Senado, 54 serão renovadas em 2026. No cenário mais pessimista avaliado por petistas, a oposição pode conquistar metade dessas vagas, o que garantiria uma maioria na Casa. Essa perspectiva é especialmente alarmante para o governo, dado o papel estratégico do Senado em votações de indicações para cargos no Banco Central, em agências reguladoras e no julgamento de possíveis impeachments de ministros do STF.
Suplentes sob avaliação
Desde o início do terceiro mandato de Lula, cinco senadores se licenciaram para integrar o primeiro escalão do governo. Entre eles estão Camilo Santana (Educação), Renan Filho (Transportes), Wellington Dias (Desenvolvimento Social) e Carlos Fávaro (Agricultura). Contudo, os suplentes desses ministros têm enfrentado dificuldades para atender às expectativas do Planalto.
A substituição de Fávaro por Margareth Buzetti (PSD-MT) é uma das mais problemáticas. Buzetti tem adotado uma postura crítica ao governo, votando contra pautas importantes para o Executivo, como na PEC que limitava decisões do STF. Embora Fávaro tenha retornado ao Senado para votações cruciais, a ausência de alinhamento com sua suplente gerou atritos.
Discrição de Jussara Lima (PSD) incomoda o Planato
A presença discreta de Jussara Lima como suplente do ministro Wellington Dias no Senado tem chamado a atenção do Planalto. Embora alinhada ao governo em votações, sua atuação tem se limitado ao campo técnico e legislativo, sem assumir um protagonismo político ou engajar-se nas principais articulações estratégicas. Essa postura, vista por alguns como ausência de liderança, tem dificultado a contenção de avanços da oposição, que encontra menos resistência na Casa. O perfil reservado de Jussara contrasta com a necessidade de um jogo político mais ativo, frequentemente requisitado em momentos de confronto parlamentar.
Por outro lado, Augusta Brito (PT-CE), suplente de Camilo Santana, é vista como um caso positivo. Com experiência como deputada estadual e prefeita, Brito tem se destacado como vice-líder do governo no Senado e mostrado habilidade para articular em defesa do Planalto.
Já Fernando Farias (MDB-AL), substituto de Renan Filho, e Ana Paula Lobato (PSB-MA), que ocupa a vaga deixada por Flávio Dino, são considerados votos alinhados ao governo, mas não possuem perfil combativo, algo que o Planalto considera essencial no contexto atual.
Mapeamento político
A preocupação do governo não se limita à atuação dos suplentes. O mapeamento político do Planalto aponta que o Norte e Centro-Oeste, regiões historicamente mais conservadoras, podem eleger 22 senadores de oposição já em 2026, criando um desafio significativo para a base de apoio de Lula. Essas regiões concentram 11 estados e são vistas como um reduto bolsonarista.
No Senado, onde a base do governo é composta por 39 senadores, 29 pertencem à oposição consolidada, enquanto 13 são considerados indefinidos, dependendo da pauta em votação. A fragilidade dessa configuração preocupa o Planalto, especialmente porque grande parte dos senadores da base aliada tem mandato até 2026, enquanto boa parte da oposição permanecerá até 2030.
Reforço na articulação
Para evitar um cenário de isolamento no Senado, o Planalto tem intensificado o diálogo com aliados e busca consolidar uma base mais sólida para enfrentar as eleições de 2026. A estratégia inclui fortalecer lideranças regionais e criar uma narrativa que mobilize apoio popular, especialmente nas regiões onde a oposição é mais forte.
A presença de senadores combativos, capazes de assumir protagonismo em debates estratégicos, é apontada como essencial para contrabalançar o discurso da oposição. Além disso, o Planalto avalia a necessidade de incluir lideranças mais experientes nas discussões internas, com o objetivo de fortalecer o governo em um ambiente legislativo marcado por polarização e tensões crescentes.
O ano de 2025 será decisivo para o governo Lula.