Palmas – O advogado João Benício Aguiar fez duras críticas à proposta do Governo Federal de alterar o traçado da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (FIOL), que atualmente beneficiaria o estado do Tocantins. Segundo Aguiar, a mudança transferiria parte dos benefícios logísticos para o estado de Goiás, resultando em prejuízos significativos para a economia tocantinense. Em um vídeo divulgado nas redes sociais, ele classificou a medida como um descaso com os produtores locais e a infraestrutura do estado.
Impactos econômicos e logísticos para Tocantins
De acordo com Aguiar, a mudança no traçado da FIOL compromete a capacidade de escoamento eficiente da produção agrícola e industrial do Tocantins.
“Essa mudança afeta diretamente a capacidade do Tocantins de escoar sua produção de forma eficiente. Quem perde somos todos nós: produtores, com fretes mais caros; consumidores, com menor poder de compra; e o governo estadual, com queda na arrecadação de impostos”, afirmou.
O advogado também destacou que a alteração elimina a integração logística entre a FIOL e a Ferrovia Norte-Sul, interrompendo o acesso direto ao Porto de Ilhéus, na Bahia. Como consequência, estradas do Tocantins seriam ainda mais sobrecarregadas, agravando os problemas de infraestrutura já existentes. Ele citou como exemplo a recente tragédia envolvendo a ponte entre Aguiarnópolis e Estreito, atribuída ao sobrepeso dos caminhões.
Histórico de disputas entre Goiás e Tocantins
Aguiar contextualizou a situação como parte de um histórico de disputas em que, segundo ele, o Tocantins frequentemente sai prejudicado em relação ao estado de Goiás.
“Sempre soube que o Tocantins é o estado do futuro, mas estão querendo arrancar esse futuro de nós. Até quando seremos o patinho feio da nação?”, questionou o advogado.
João Benício Aguiar faz apelo à população
O vídeo encerra com um apelo à população tocantinense para que pressione as autoridades políticas e impeça a concretização da mudança no traçado. “A hora de agir é agora. Precisamos nos unir para garantir que o Tocantins tenha o futuro que merece”, concluiu.
Debate sobre desenvolvimento regional
A declaração do advogado João Benício Aguiar repercutiu nas redes sociais. O governador do Tocantins, Wanderlei Barbosa compartilhou o vídeo e acendeu o debate sobre o impacto de decisões políticas em projetos de infraestrutura e desenvolvimento regional.
O tema deve ganhar atenção no cenário federal nos próximos meses, especialmente diante dos possíveis prejuízos que a mudança na FIOL pode gerar para o Tocantins.
Mudança no traçado da FIOL pode prejudicar o Sul do Piauí
A possível alteração no traçado da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (FIOL) para excluir a integração com a Ferrovia Norte-Sul, em Figueirópolis (TO), pode causar prejuízos a produtores do Sul do Piauí. A proximidade geográfica com o Tocantins favoreceria o escoamento da produção agrícola piauiense, especialmente no contexto da região conhecida como Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia). A mudança proposta coloca em risco os benefícios logísticos esperados para o estado.
A integração original, idealizada pelo ex-presidente da Valec, José Francisco das Neves, o Juquinha, previa a conexão da FIOL com a Ferrovia Norte-Sul em Figueirópolis, ampliando as opções de escoamento para os portos de Itaqui (MA), Santos (SP) e Paranaguá (PR). Entretanto, pressões de lideranças políticas da Bahia e Goiás têm ameaçado esse modelo. Enquanto a Bahia teme o desvio da produção rumo à Norte-Sul, Goiás defende a inclusão de Mara Rosa (GO) no traçado, ligando a FIOL à Ferrovia de Integração Centro-Oeste (FICO).
Para o Piauí, a exclusão de Figueirópolis significa perder uma alternativa crucial de transporte para a produção agrícola do Sul do estado. A região, com forte vocação para o agronegócio, enfrenta desafios para acessar mercados distantes devido à dependência de rodovias já sobrecarregadas e com infraestrutura deficitária.
Articulação regional é essencial
Especialistas e empresários apontam que o Tocantins, sozinho, não tem força política suficiente para enfrentar as pressões de estados como Bahia e Goiás. A solução, segundo eles, passa pela união de forças regionais, incluindo Pará, Piauí e Maranhão, para defender a manutenção de Figueirópolis no traçado.
“A exclusão de Figueirópolis enfraquece não apenas o Tocantins, mas toda a integração logística do Matopiba. É crucial que os estados da região se unam para pressionar o governo federal e evitar um retrocesso no projeto”, afirmou um empresário do setor logístico.
A alteração do traçado também esvazia o papel estratégico do Piauí no contexto do novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que prioriza a ampliação da infraestrutura para apoiar o crescimento econômico regional. Sem a integração com a Norte-Sul, o estado perderá competitividade e ficará ainda mais dependente de rodovias para exportar sua produção.
Até agora, a bancada federal e o Governo do Piauí não se manifestaram sobre o assunto.
Mobilização necessária
Lideranças políticas do Piauí, juntamente com representantes do Tocantins e demais estados do Matopiba, são desafiadas a articular uma frente ampla de defesa do traçado original. A manutenção de Figueirópolis como ponto de integração é vista como essencial para garantir o escoamento eficiente da produção do Sul do Piauí e para fortalecer a economia regional como um todo.
A disputa reforça a necessidade de uma ação coordenada para assegurar que os interesses do estado não sejam preteridos em decisões políticas que podem comprometer o desenvolvimento de uma das regiões mais promissoras do Brasil.