Teresina, 22 de janeiro de 2025
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A Argentina de Javier Milei fora do Mercosul

Argentina registra superávit comercial recorde em 2024, impulsionado por exportações agropecuárias e recessão. Saiba como o país reforça sua posição no BRICS.
Argentina anuncia saída do Mercosul
Presidente da Argentina. Foto: RS/A

Buenos Aires – A Argentina encerrou 2024 com um superávit comercial histórico de US$ 18,89 bilhões (cerca de R$ 116,9 bilhões), um marco que simboliza um dos maiores ajustes econômicos de sua história recente. Este saldo positivo, impulsionado por exportações agropecuárias e uma queda acentuada nas importações devido à recessão, foi registrado como o maior desde 2009, quando o superávit alcançou US$ 16,88 bilhões.

Exportações impulsionadas pelo setor agropecuário

De acordo com o Instituto Nacional de Estatísticas (Indec), em 2024, a Argentina exportou US$ 79,72 bilhões e importou US$ 60,82 bilhões. O aumento de 19,4% nas exportações, especialmente em produtos primários (+27%) e manufaturas agropecuárias (+24%), foi fundamental para atingir o superávit. Esses números representam uma recuperação significativa após a seca devastadora de 2023, que havia reduzido a capacidade produtiva do setor agrícola, uma das principais forças econômicas do país.

O Brasil continua sendo o principal parceiro comercial da Argentina, representando 17,1% das exportações e 23,6% das importações argentinas. A relação entre os dois países reforça a integração regional e a dependência mútua, especialmente no contexto do Mercosul e de novos desafios globais.

Recessão nas importações

O superávit também é explicado por uma redução de 17,5% nas importações, reflexo direto da recessão que afetou a economia argentina em 2024. A retração na atividade econômica contraiu a demanda por bens importados, enquanto medidas de controle cambial ajudaram a acumular reservas em dólares no Banco Central.

Hernán Letcher, diretor do Centro de Economia Política Argentina (CEPA), destacou que entre dezembro de 2023 e maio de 2024, o país acumulou um superávit considerável, resultado da desvalorização cambial e da redução nas importações. “Essas medidas permitiram ao Banco Central reforçar suas reservas, o que é crucial em um momento de instabilidade econômica”, afirmou.

Os custos sociais

O primeiro ano do mandato de Javier Milei trouxe mudanças drásticas na economia argentina. Entre as conquistas, a inflação anual foi reduzida de 211% para 117%, e o país obteve seu primeiro superávit fiscal em 14 anos. No entanto, essas realizações vieram acompanhadas de um custo social significativo.

A recessão econômica levou à perda de centenas de milhares de empregos, e a pobreza ultrapassou 50% no primeiro semestre do ano. Embora tenha havido sinais de declínio na pobreza nos últimos meses, o impacto social das reformas ainda é evidente, com milhões de argentinos enfrentando dificuldades para manter sua qualidade de vida.

Desafios estruturais

Apesar dos números positivos, especialistas alertam para os desafios estruturais que a Argentina ainda enfrenta. A necessidade de equilibrar austeridade fiscal com estímulos à economia é um ponto crítico para evitar o agravamento da recessão e promover a recuperação do mercado de trabalho.

A Argentina também precisa diversificar sua base econômica, reduzindo a dependência de produtos primários e ampliando o desenvolvimento de setores industriais e tecnológicos. A modernização da infraestrutura e o fortalecimento das cadeias de valor regionais serão fundamentais para garantir crescimento sustentável.

Javier Milei anuncia saída do Mercosul

O presidente da Argentina, Javier Milei, anunciou nesta quarta-feira, 22 de janeiro de 2025, que está disposto a retirar o país do Mercosul se isso for necessário para firmar um acordo de livre comércio com os Estados Unidos. Durante uma entrevista no Fórum Econômico Mundial em Davos, ele afirmou que essa seria uma medida extrema, mas não descartou a possibilidade. Milei criticou o Mercosul, descrevendo-o como uma “prisão” protecionista que limita as oportunidades comerciais dos países-membros.

Ele expressou a intenção de buscar um acordo com os EUA sem precisar abandonar o bloco, mencionando que existem mecanismos que poderiam ser utilizados dentro do Mercosul para facilitar essa negociação. No entanto, ele também reconheceu que a saída do bloco poderia ser considerada se não houver flexibilidade nas regras atuais.

O presidente argentino ressaltou a importância de um acordo comercial com os EUA, algo que ele acredita ser crucial para o desenvolvimento econômico da Argentina. Ele planeja trabalhar intensamente para alcançar esse objetivo e mencionou que sua equipe está comprometida em manter um déficit zero. Apesar disso, a saída do Mercosul pode trazer desafios significativos, especialmente em relação às relações comerciais com o Brasil, seu maior parceiro comercial.

Especialistas alertam para os riscos desse movimento. O Brasil, maior parceiro comercial da Argentina, é responsável por 17,1% de suas exportações e 23,6% das importações, tornando a integração econômica entre os dois países um pilar estratégico. Qualquer ruptura com o bloco sul-americano poderia gerar impacto significativo na balança comercial argentina, aumentando os desafios para a economia do país em um momento já marcado por inflação alta e ajustes fiscais severos. Milei terá que equilibrar ambições internacionais com a realidade econômica regional para evitar consequências adversas.

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