Brasília – Após um período de quase três semanas de inatividade no mercado cambial, o Banco Central (BC) anunciou sua primeira intervenção monetária de 2025, buscando estabilizar o dólar. A operação será realizada na próxima segunda-feira (20), com a oferta de até US$ 2 bilhões em leilões de linha, modalidade em que a autoridade monetária compromete-se a recomprar os dólares em prazos futuros previamente estipulados.
Estratégia de intervenção no dólar
O BC programou dois leilões de até US$ 1 bilhão cada. O primeiro terá recompra prevista para 4 de novembro, e o segundo, para 2 de dezembro. Essa estratégia reflete uma abordagem mais conservadora e de curto prazo, em contraste com as vendas definitivas de reservas internacionais, como as realizadas no final de 2024.
A última operação similar, um leilão de linha, ocorreu em 20 de dezembro de 2024, quando o BC ofertou US$ 2 bilhões. Naquele mês, a autoridade monetária realizou vendas recordes de US$ 32,59 bilhões das reservas internacionais, marcando o maior volume mensal de intervenções cambiais desde a adoção do regime de metas de inflação, em 1999.
Instabilidade cambial
Nesta sexta-feira (17), o dólar comercial encerrou o dia cotado a R$ 6,066, registrando alta marginal de 0,2% (+R$ 0,012). A sessão foi marcada por intensa volatilidade: a moeda norte-americana chegou a atingir R$ 6,08 pela manhã e recuou para R$ 6,03 no início da tarde, antes de voltar a subir e fechar em leve alta.
O cenário de instabilidade cambial reflete preocupações do mercado com pressões inflacionárias e expectativas quanto à política monetária doméstica e internacional. Analistas destacam que o elevado patamar da moeda, combinado com oscilações acentuadas, reforçou a necessidade de intervenção por parte do BC.
A decisão de intervir por meio de leilões de linha tenta manter equilíbrio entre a liquidez no mercado de câmbio e a preservação das reservas internacionais, que atuam como um colchão de segurança em períodos de incerteza econômica. Diferentemente das vendas à vista, que reduzem permanentemente o volume de reservas, os leilões de linha permitem a reposição dos recursos em datas futuras, reduzindo o impacto sobre os ativos internacionais do país.
Em dezembro de 2024, o BC realizou uma série de operações agressivas, que incluiu vendas definitivas à vista, totalizando US$ 1,815 bilhão em apenas um dia. Essas medidas foram adotadas em resposta a uma desvalorização acelerada do real e à alta volatilidade, impulsionadas por tensões políticas e incertezas econômicas globais.
Política monetária para 2025
Especialistas apontam que o BC deverá manter uma postura vigilante nas próximas semanas, ajustando sua estratégia de intervenção conforme necessário para conter excessos no mercado cambial. O compromisso com a recompra dos recursos em novembro e dezembro sugere que a autoridade monetária está confiando em uma estabilização gradual do real no médio prazo.
Ao mesmo tempo, o movimento indica que o BC reconhece a importância de preservar a confiança do mercado, atuando de forma preventiva para evitar pressões desestabilizadoras adicionais. A continuidade de intervenções dependerá, em grande parte, do comportamento da moeda norte-americana e das condições econômicas internas, incluindo o desempenho do saldo comercial e a trajetória da inflação.