Brasília – O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, expressou nesta sexta-feira (17) preocupação com o aumento da dívida pública no Brasil, enfatizando que o controle fiscal é uma prioridade do governo. Em entrevista à CNN Brasil, Haddad reconheceu os desafios enfrentados pela economia, mas destacou que as projeções pessimistas do mercado nem sempre se concretizam.
Dívida pública em foco
O Brasil deve registrar o segundo maior déficit nominal do mundo em 2025, segundo relatório do BTG Pactual, ficando atrás apenas da Bolívia em um grupo de 22 países emergentes. O déficit nominal, que inclui o resultado primário e os juros da dívida pública, deve subir de 7,8% do PIB em 2024 para 8,6% em 2025, intensificando as preocupações sobre a sustentabilidade das finanças públicas.
Haddad reafirmou o compromisso do Ministério da Fazenda em conter a trajetória da dívida por meio de medidas estruturais.
“A Fazenda vai trabalhar o fiscal de forma estrutural para conter a trajetória da dívida”, afirmou.
Dólar e pressões no mercado
A incerteza em torno das contas públicas pressionou o dólar, que alcançou R$ 6, elevando preocupações sobre o impacto nos preços e na inflação. Haddad, no entanto, afirmou que o câmbio é flutuante e indicou que o valor atual é elevado. “Na minha opinião, acima de R$ 5,70 é caro. Não vou fazer recomendações, mas acompanho o mercado de perto”, disse.
Ele também destacou a imprevisibilidade da cotação da moeda, lembrando que, em 2023, o dólar chegou a R$ 4,70, uma queda inesperada à época.
Medidas fiscais e sustentabilidade
O pacote de contenção de gastos aprovado pelo Congresso em 2024 foi considerado insuficiente pelo mercado, com projeção de economia de R$ 68 bilhões em dois anos. Ainda assim, Haddad rebateu críticas e destacou o desempenho superior do crescimento econômico em relação às projeções iniciais do governo Lula.
“O crescimento projetado era de 0,8% no primeiro ano e 1,2% no segundo. Crescemos 3,2% no primeiro e provavelmente 3,5% no segundo”, argumentou.
Apesar disso, a Instituição Fiscal Independente (IFI), do Senado, prevê que a dívida pública continuará crescendo até 2034, atingindo 81,4% do PIB este ano, 91,6% em 2027 e 99% em 2029.
Justiça tributária e reforma do IR
Haddad também destacou a necessidade de tornar o sistema tributário mais progressivo, com maior participação de contribuintes de alta renda. “As pessoas de alta renda têm que pagar o mínimo. Hoje, o trabalhador tem imposto deduzido na fonte, mas isso não acontece com grandes investidores”, disse. O governo está identificando casos de baixa contribuição entre os mais ricos para promover maior justiça tributária.
O ministro reiterou que, apesar dos desafios herdados do governo anterior, a atual gestão está comprometida em melhorar o ambiente de negócios e fortalecer a economia brasileira. Contudo, Haddad enfatizou que novas medidas só serão anunciadas após aprovação do presidente Lula.
O Brasil enfrenta o desafio de equilibrar crescimento econômico com o controle da dívida pública, em meio a um cenário global incerto. O compromisso do governo será essencial para reforçar a confiança do mercado e garantir a sustentabilidade das finanças públicas.