O Monitor do PIB-FGV revelou que a economia brasileira cresceu 0,6% em novembro na comparação com outubro, de acordo com dados divulgados nesta sexta-feira (17) pelo Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da Fundação Getulio Vargas (FGV). Em valores correntes, o PIB acumulado até novembro foi estimado em R$ 10,708 trilhões.
Consumo das famílias em desaceleração
O consumo das famílias apresentou crescimento de 5,7% no trimestre móvel encerrado em novembro. Apesar do desempenho expressivo, esta foi a primeira desaceleração da taxa desde maio de 2024. Segundo a FGV, isso reflete a moderação do ritmo em alguns segmentos do setor de serviços e a menor expansão no consumo de bens duráveis.
Investimentos impulsionam o crescimento
A Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), indicador de investimentos na economia, registrou alta de 10% no mesmo período. Esse resultado foi influenciado principalmente pelo segmento de máquinas e equipamentos, que teve forte desempenho. No entanto, houve uma redução na contribuição positiva de setores relacionados à construção.
“Os investimentos mantiveram seu papel como um dos principais motores do crescimento econômico, embora as taxas de expansão estejam menos intensas do que em meses anteriores”, explicou Juliana Trece, coordenadora da pesquisa do Monitor do PIB.
Exportações e importações em alta
Após meses de desaceleração, as exportações cresceram 4,4% no trimestre móvel até novembro, alcançando a maior taxa desde abril de 2024. Esse crescimento foi impulsionado por bens de consumo e intermediários, enquanto o setor agropecuário apresentou desempenho negativo, limitando um avanço ainda maior.
As importações, por sua vez, cresceram 18,8% no mesmo período, com destaque para bens intermediários, que responderam por metade do aumento. Apesar da alta expressiva, as taxas de expansão têm mostrado sinais de desaceleração.
Indústria e agropecuária sustentam o crescimento
A agropecuária e a indústria foram os principais responsáveis pelo crescimento da economia em novembro, segundo o estudo. Embora a indústria de transformação tenha se mantido estável, a indústria extrativa, a construção e os serviços de eletricidade apresentaram crescimento robusto.
No setor de serviços, foi observada uma estagnação pelo segundo mês consecutivo, refletindo o comportamento mais moderado do consumo das famílias.
Perspectivas e desafios
Para Juliana Trece, os resultados de novembro mostram que a economia brasileira ainda apresenta crescimento forte e disseminado, mas com sinais de esgotamento em alguns segmentos. “Embora os investimentos e as exportações sejam destaques positivos, a moderação do consumo das famílias e a estagnação em alguns serviços indicam possíveis dificuldades em manter o ritmo de crescimento observado anteriormente”, avaliou.
Cenário econômico
Apesar das incertezas em setores específicos, o desempenho em novembro reforça a resiliência da economia brasileira. A continuidade do crescimento dependerá de políticas que sustentem o investimento e fortaleçam o consumo, além de um ambiente externo favorável para as exportações.