São Paulo – A Gol Linhas Aéreas deu um passo importante em sua reestruturação financeira ao anunciar, nesta quinta-feira (2 de janeiro), um acordo com a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional e a Receita Federal para regularizar pendências fiscais no valor de R$ 5,5 bilhões. A medida permitirá à companhia parcelar suas dívidas, obter descontos em multas e juros, além de utilizar prejuízos fiscais para abater parte do saldo devedor.
O acordo abrange tributos previdenciários e não previdenciários, com prazos de pagamento definidos em 60 meses para os primeiros e 120 meses para os demais. O desconto médio negociado foi de cerca de 50%, reduzindo a dívida parcelada para R$ 1,6 bilhão. Apesar da relevância, a empresa afirmou que o impacto do acordo não alterará seu endividamento líquido financeiro, que no terceiro trimestre de 2024 era de R$ 27,6 bilhões.
“A regularização fiscal é um marco importante em nosso esforço contínuo para alcançar estabilidade financeira e atender integralmente às nossas obrigações de longo prazo”, destacou a Gol em comunicado oficial.
Ações da GOL sobem após anúncio do acordo
A notícia gerou reação positiva no mercado. As ações da Gol subiram 10% na manhã de quinta-feira e mantiveram alta de mais de 6% durante a tarde na B3. Investidores enxergaram a medida como essencial para fortalecer a posição da empresa em meio ao processo de recuperação judicial.
Recuperação judicial nos EUA
A Gol permanece em procedimento de Chapter 11, equivalente à recuperação judicial nos Estados Unidos, iniciado no início de 2024. A decisão veio após um período de forte endividamento, agravado pelos impactos da pandemia no setor de aviação comercial.
Em dezembro de 2024, a empresa apresentou um plano de reestruturação com conclusão prevista para abril de 2025, incluindo:
- Um aporte de capital de US$ 1,85 bilhão (R$ 11,2 bilhões);
- Emissão de novas ações para levantar US$ 330 milhões (R$ 2 bilhões);
- Foco na melhoria da liquidez e no retorno ao crescimento.
Apesar dos avanços, a companhia ainda enfrenta desafios. No terceiro trimestre de 2024, a Gol registrou um prejuízo de R$ 830 milhões, refletindo as dificuldades do setor e o peso de sua dívida elevada.
Especialistas avaliam que o sucesso do plano de reestruturação será determinante para a recuperação da empresa. A regularização fiscal é considerada um passo essencial, mas insuficiente para resolver todos os problemas financeiros da companhia. A capacidade de atrair investidores, melhorar sua liquidez e reduzir os prejuízos operacionais podem definir o futuro da Gol.