Teresina, 18 de dezembro de 2024
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Dólar atinge R$ 6,16 em meio a desconfiança com política fiscal e críticas de Lula à Selic

Dólar fecha em R$ 6,16, maior valor da história, com desconfiança sobre política fiscal, críticas de Lula à Selic e pressões inflacionárias. Banco Central intervém, mas impacto é limitado.
Cotações de câmbio em tela de mercado financeiro.
Banco Central vai intervir no marcado. Foto: Diário do Povo.

A desconfiança crescente em relação à política fiscal do governo e as críticas recentes do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à taxa básica de juros (Selic) impactaram o mercado financeiro nesta terça-feira (17). O dólar fechou cotado a R$ 6,16, marcando a maior cotação da história da moeda frente ao real, mesmo após intervenções do Banco Central (BC) para conter a alta.

O cenário de instabilidade foi agravado pela percepção de risco de desidratação das medidas de cortes de gastos enviadas ao Congresso Nacional e pela sinalização de que o cenário inflacionário pode exigir uma política monetária ainda mais rígida.

Intervenção do Banco Central não segura dólar

Em uma tentativa de conter a volatilidade do mercado cambial, o Banco Central realizou dois leilões de dólares na segunda-feira (16). O primeiro, programado desde a última sexta-feira, foi uma oferta de US$ 3 bilhões com compromisso de recompra, conhecido como leilão de linha. O segundo, uma operação à vista, injetou US$ 1,627 bilhão no mercado sem garantia de recompra.

Apesar das intervenções, o impacto foi limitado. A alta do dólar ocorre no contexto de incertezas fiscais e tensões entre o governo e o Banco Central, em especial após Lula questionar o nível elevado da Selic durante uma entrevista no fim de semana.

Críticas à Selic e alerta inflacionário

Na Ata do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada nesta semana, o Banco Central destacou que a reação negativa do mercado financeiro ao pacote fiscal apresentado pelo governo tornou o cenário inflacionário mais adverso. Diante desse quadro, a autoridade monetária defendeu a necessidade de uma política monetária mais contracionista, com juros elevados por mais tempo.

“Nota-se que tanto o prêmio de inflação extraído dos instrumentos financeiros quanto as expectativas de inflação se elevaram no período, tornando o cenário de inflação mais adverso e requerendo uma política monetária mais contracionista”, diz um trecho do documento.

O Copom também ressaltou que, apesar dos juros elevados, o consumo das famílias e os investimentos estão crescendo em um ritmo intenso. Segundo o comitê, o impulso fiscal e o crédito são mais fortes do que o esperado, mitigando os efeitos da política de juros altos para controlar a inflação.

Riscos fiscais e confiança do mercado

As preocupações do mercado estão centradas no risco de desidratação das medidas de ajuste fiscal enviadas ao Congresso, em meio a um ambiente político de resistências e articulações para alterações no pacote. Esse cenário eleva o prêmio de risco embutido nos ativos brasileiros, pressionando tanto o câmbio quanto os juros futuros.

O dólar atingiu a marca histórica de R$ 6,16, superando a máxima anterior registrada em abril de 2020, quando o mercado global sofria os efeitos iniciais da pandemia de Covid-19. A moeda americana é vista como um refúgio seguro em momentos de incerteza, o que amplia sua valorização em relação ao real.

Impactos na economia

A escalada do dólar pode gerar efeitos em cascata na economia brasileira, pressionando ainda mais a inflação. Entre os setores mais afetados estão os que dependem de insumos importados, como combustíveis, alimentos e indústria. A alta cambial tende a reforçar a necessidade de uma política monetária mais rígida, com juros elevados por um período prolongado, aumentando o custo do crédito e freando a atividade econômica.

Por ora, o Banco Central segue monitorando o cenário e deve manter as intervenções no câmbio conforme necessário. No entanto, a confiança do mercado dependerá do avanço das medidas fiscais no Congresso e de um ambiente político menos conflituoso.

Com a combinação de incertezas fiscais, pressão inflacionária e críticas à política monetária, a economia brasileira entra em uma semana decisiva para o futuro das contas públicas e do equilíbrio cambial.

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