Seul – Em um episódio que pode redefinir os rumos da política sul-coreana, os deputados do país aprovaram neste sábado o impeachment do presidente Yoon Suk Yeol. A decisão ocorreu em meio a uma crise política intensa, agravada pela tentativa controversa de Yoon de decretar uma lei marcial que restringia direitos civis, revogada pouco tempo depois diante da pressão popular e política.
Detalhes da votação no Parlamento
O processo de impeachment foi concluído após uma sessão parlamentar que se estendeu até as primeiras horas da manhã. Dos 300 deputados, 204 votaram a favor do afastamento de Yoon, superando os 200 votos necessários. Apenas 85 parlamentares votaram contra, enquanto três se abstiveram e oito votos foram invalidados.
Coalizão contra Yoon Suk Yeol
O resultado reflete uma ampla coalizão contra o presidente, incluindo membros de partidos da oposição e até dissidentes do partido governista. A votação de hoje sucedeu uma tentativa frustrada na semana anterior, quando parlamentares governistas boicotaram a sessão para impedir o quórum necessário.
Contexto político na Coréia do Sul e crise de popularidade
O impeachment de Yoon acontece em um momento de crescente insatisfação popular com sua administração. A principal faísca para a crise foi sua decisão de decretar uma lei marcial, medida vista como autoritária e amplamente condenada por restringir direitos civis e pela repressão a protestos pacíficos. Embora tenha revogado rapidamente a decisão, o episódio gerou uma onda de manifestações e ampliou o desgaste político do presidente.
Com uma popularidade em queda livre – atualmente estimada em 11% –, Yoon enfrentava acusações de governar de forma autoritária e desconectada das necessidades da população. O líder da oposição, Lee Jae-myung, declarou após a votação que “os legisladores têm o dever de proteger os interesses da nação, não os de Yoon ou de seu partido”.
Possibilidade de novas eleições presidenciais após impeachment
Com a aprovação do impeachment, Yoon Suk Yeol está imediatamente suspenso do cargo. O primeiro-ministro Han Duck Soo assume interinamente a presidência, enquanto o Tribunal Constitucional sul-coreano analisa a validade do impeachment. A corte tem um prazo de até seis meses para concluir sua avaliação.
Se o impeachment for confirmado, uma nova eleição presidencial deverá ser convocada em até 60 dias, abrindo caminho para uma disputa que poderá redefinir o cenário político no país.
Reação de Yoon e cenário futuro
Yoon Suk Yeol declarou que não desistirá e continuará lutando por seu cargo, mesmo em meio à queda significativa de sua popularidade. Apesar disso, analistas apontam que as chances de sua permanência no poder são reduzidas, especialmente diante da ampla coalizão formada contra ele.
Um momento decisivo para a democracia sul-coreana
A destituição de Yoon Suk Yeol pode ser um divisor de águas na política da Coreia do Sul. O processo não apenas expõe a vulnerabilidade de governos autoritários a pressões institucionais e populares, mas também sinaliza a disposição das instituições democráticas do país em responder a crises políticas de forma enérgica.
Enquanto o país aguarda a decisão do Tribunal Constitucional, as atenções se voltam para a oposição e os movimentos populares, que deverão desempenhar papel central na definição dos rumos da política sul-coreana.