O plenário do Senado aprovou nesta terça-feira (10) duas das três indicações feitas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a diretoria do Banco Central (BC). Durante a sabatina na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), os indicados reafirmaram compromisso com a estabilidade de preços e o controle da inflação, que consideraram a principal missão da autoridade monetária.
O cenário econômico é desafiador. O dólar superou R$ 6, pressionado pelo mau humor do mercado após a apresentação de um pacote de contenção de gastos pelo governo. Ao mesmo tempo, cresce a expectativa de que o Comitê de Política Monetária (Copom) eleve a taxa Selic na reunião de quarta-feira (11), última do ano. Instituições financeiras projetam aumento entre 0,75 e 1 ponto percentual, o que pode levar os juros dos atuais 11,25% para até 12,25% ao ano.
Mudanças na diretoria do Banco Central
Gabriel Galípolo, atual diretor de Política Monetária, já foi aprovado pelo Senado para assumir a presidência do BC a partir de 1º de janeiro de 2024, substituindo Roberto Campos Neto. Os novos diretores, caso aprovados pelo plenário ainda neste ano, terão mandatos iniciados em 2025.
Com as novas nomeações, o governo Lula passará a ter maioria na diretoria do Comitê de Política Monetária (Copom), que define a taxa básica de juros a cada 45 dias. A composição favorece maior alinhamento entre o governo e a política monetária.
Declarações dos indicados
Nilton David, um dos indicados, rejeitou a tese de dominância fiscal — situação em que o endividamento público impede a eficácia do aumento de juros no controle da inflação. “Tenho convicção de que não estamos próximos da dominância fiscal. A força da economia brasileira tem garantido resultados melhores do que o esperado para a inflação”, afirmou.
Já Izabela Correa e Gilneu Vivan enfatizaram a necessidade de enfrentar o ambiente econômico global. Correa destacou sua experiência e compromisso com as metas de inflação, enquanto Vivan classificou o cenário externo como “desafiador” e garantiu que suas decisões, caso aprovado, seguirão os parâmetros estabelecidos pelo BC.
Pressões políticas e mercado financeiro
Durante a sabatina, senadores cobraram explicações sobre a autonomia do BC, o impacto da alta do dólar e o ajuste fiscal em curso. Alguns parlamentares usaram o momento para criticar a condução econômica do governo e enviar recados políticos.
Apesar do clima de tensão, a aprovação dos indicados foi bem recebida. Parlamentares aliados destacaram o perfil técnico dos nomes apresentados por Lula. “O BC precisa de lideranças comprometidas com a estabilidade econômica e com o controle da inflação, e foi isso que buscamos avaliar”, disse Vanderlan Cardoso, presidente da CAE.