Teresina, 26 de dezembro de 2024
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O fim de uma era na Síria

Bashar al-Assad deixa o poder após ofensiva rebelde. É o fim de 50 anos de dinastia na Síria. Pais agora tem o desafio de reconstruir uma nação.
Abu Mohamed al-Jolani, líder responsável pela queda de Queda de Bashar al-Assad
Abu Mohamed al-Jolani. Foto: BroadCast Diário

Damasco, Síria – No domingo, 8 de dezembro, multidões tomaram as ruas da capital síria para celebrar um momento histórico: a queda de Bashar al-Assad, deposto por uma ofensiva fulminante liderada pela coalizão rebelde islamista Hayat Tahrir al Sham (HTS). O evento marca o fim de mais de meio século de domínio da dinastia Assad, que começou com Hafez al-Assad em 1971.

Sob pressão de um ataque relâmpago iniciado em 27 de novembro, partindo da província de Idlib, Assad deixou o país, conforme confirmado por seu principal aliado, a Rússia, que lhe ofereceu asilo. A agência de notícias TASS relatou a saída do líder alauíta, que governou com mão de ferro por 24 anos, sucedendo seu pai.

Queda de Bashar al-Assad

Multidões celebrando a queda de Bashar al-Assad nas ruas de Damasco
Manifestantes comemoraram queda de Bashar al-Assad em Damasco

A capital foi palco de episódios de vandalismo e celebrações intensas. Dezenas invadiram a luxuosa residência de Assad, saqueando e incendiando partes do local. O palácio presidencial também foi alvo de ataques, assim como edifícios pertencentes a agências de segurança. Vídeos mostraram civis destruindo estátuas de Hafez al-Assad e cantando palavras de ordem.

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Coalizão rebelde na Síria

“A Síria é nossa, não pertence à família Assad!”, bradavam os manifestantes na icônica Praça Umayyad, onde tiros para o alto simbolizavam a alegria coletiva. Relatos indicam que soldados do Exército Sírio abandonaram seus postos, trocando os uniformes militares por roupas civis.

Discursos de vitória

Abu Mohamed al-Jolani, líder da coalizão rebelde, foi recebido como herói na mesquita Umayyad, onde declarou o início de uma nova era. Em um discurso inflado por clamor popular, ele afirmou: “Após 50 anos de opressão e 13 anos de crimes, anunciamos hoje o fim dessa era sombria.”

No mesmo dia, os rebeldes declararam um toque de recolher em Damasco para consolidar sua posição e evitar novos conflitos na cidade.

Repercussões internacionais após o fim da Dinastia Assad

A comunidade internacional reagiu com cautela e expectativa. O secretário-geral da ONU, António Guterres, saudou o fim do “regime ditatorial”, enquanto o presidente dos EUA, Joe Biden, considerou o momento uma “oportunidade histórica”. Apesar disso, Biden enfatizou que Assad deveria ser responsabilizado por crimes cometidos durante o conflito que começou em 2011.

Na Europa, França e Alemanha comemoraram a mudança, mas alertaram contra o extremismo. Países da região, como Arábia Saudita e Catar, destacaram a importância de evitar que a Síria caia em caos. A Turquia, com forte influência sobre facções rebeldes, pediu uma transição pacífica.

Israel, tradicionalmente crítico ao regime Assad, classificou o dia como “histórico”. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu prometeu proteger as Colinas de Golã contra qualquer tentativa de retomar o território, atualmente sob ocupação israelense.

Estabilização da Síria após a queda de Assad

Com a queda de Assad, a Síria encara um futuro incerto. A guerra civil que começou há 13 anos deixou cerca de meio milhão de mortos e o país dividido em zonas de influência, muitas delas controladas por potências estrangeiras como Rússia, Turquia e EUA. A coalizão rebelde, liderada pelo HTS, agora enfrenta o desafio de estabilizar a nação enquanto tenta conquistar apoio interno e internacional.

As celebrações em Damasco refletem o alívio de um povo exausto por décadas de opressão, mas a ausência de uma liderança unificadora e o risco de extremismo preocupam observadores globais. A reconstrução da Síria, política e fisicamente, será um processo longo e complexo, exigindo equilíbrio entre interesses internos e externos.

Manifestantes invadiram e saqueram o Palácio de Bashar al-Assad na Síria
Gabinete do palácio de Bashar al-Assad invadido por manifestantes em Damasco

Fim do regime de Bashar al-Assad

A saída de Bashar al-Assad marca um divisor de águas não apenas para a Síria, mas para todo o Oriente Médio. A queda de um regime que dominou o país por cinco décadas abre espaço para possibilidades, mas também traz à tona velhos medos de instabilidade e violência prolongada.

O mundo acompanha, ansioso, os próximos passos de um país em busca de um novo rumo.

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