Damasco, Síria – No domingo, 8 de dezembro, multidões tomaram as ruas da capital síria para celebrar um momento histórico: a queda de Bashar al-Assad, deposto por uma ofensiva fulminante liderada pela coalizão rebelde islamista Hayat Tahrir al Sham (HTS). O evento marca o fim de mais de meio século de domínio da dinastia Assad, que começou com Hafez al-Assad em 1971.
Sob pressão de um ataque relâmpago iniciado em 27 de novembro, partindo da província de Idlib, Assad deixou o país, conforme confirmado por seu principal aliado, a Rússia, que lhe ofereceu asilo. A agência de notícias TASS relatou a saída do líder alauíta, que governou com mão de ferro por 24 anos, sucedendo seu pai.
Queda de Bashar al-Assad
A capital foi palco de episódios de vandalismo e celebrações intensas. Dezenas invadiram a luxuosa residência de Assad, saqueando e incendiando partes do local. O palácio presidencial também foi alvo de ataques, assim como edifícios pertencentes a agências de segurança. Vídeos mostraram civis destruindo estátuas de Hafez al-Assad e cantando palavras de ordem.
PublicidadeCoalizão rebelde na Síria
“A Síria é nossa, não pertence à família Assad!”, bradavam os manifestantes na icônica Praça Umayyad, onde tiros para o alto simbolizavam a alegria coletiva. Relatos indicam que soldados do Exército Sírio abandonaram seus postos, trocando os uniformes militares por roupas civis.
Discursos de vitória
Abu Mohamed al-Jolani, líder da coalizão rebelde, foi recebido como herói na mesquita Umayyad, onde declarou o início de uma nova era. Em um discurso inflado por clamor popular, ele afirmou: “Após 50 anos de opressão e 13 anos de crimes, anunciamos hoje o fim dessa era sombria.”
No mesmo dia, os rebeldes declararam um toque de recolher em Damasco para consolidar sua posição e evitar novos conflitos na cidade.
Repercussões internacionais após o fim da Dinastia Assad
A comunidade internacional reagiu com cautela e expectativa. O secretário-geral da ONU, António Guterres, saudou o fim do “regime ditatorial”, enquanto o presidente dos EUA, Joe Biden, considerou o momento uma “oportunidade histórica”. Apesar disso, Biden enfatizou que Assad deveria ser responsabilizado por crimes cometidos durante o conflito que começou em 2011.
Na Europa, França e Alemanha comemoraram a mudança, mas alertaram contra o extremismo. Países da região, como Arábia Saudita e Catar, destacaram a importância de evitar que a Síria caia em caos. A Turquia, com forte influência sobre facções rebeldes, pediu uma transição pacífica.
Israel, tradicionalmente crítico ao regime Assad, classificou o dia como “histórico”. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu prometeu proteger as Colinas de Golã contra qualquer tentativa de retomar o território, atualmente sob ocupação israelense.
Estabilização da Síria após a queda de Assad
Com a queda de Assad, a Síria encara um futuro incerto. A guerra civil que começou há 13 anos deixou cerca de meio milhão de mortos e o país dividido em zonas de influência, muitas delas controladas por potências estrangeiras como Rússia, Turquia e EUA. A coalizão rebelde, liderada pelo HTS, agora enfrenta o desafio de estabilizar a nação enquanto tenta conquistar apoio interno e internacional.
As celebrações em Damasco refletem o alívio de um povo exausto por décadas de opressão, mas a ausência de uma liderança unificadora e o risco de extremismo preocupam observadores globais. A reconstrução da Síria, política e fisicamente, será um processo longo e complexo, exigindo equilíbrio entre interesses internos e externos.
Fim do regime de Bashar al-Assad
A saída de Bashar al-Assad marca um divisor de águas não apenas para a Síria, mas para todo o Oriente Médio. A queda de um regime que dominou o país por cinco décadas abre espaço para possibilidades, mas também traz à tona velhos medos de instabilidade e violência prolongada.
O mundo acompanha, ansioso, os próximos passos de um país em busca de um novo rumo.