Durante uma entrevista contundente à revista Exame, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, fez críticas severas ao governo federal, destacando o que considera uma omissão perigosa frente ao crescimento das facções criminosas no Brasil. Segundo Caiado, a falta de uma estratégia coordenada e incisiva levanta suspeitas sobre interesses obscuros que, de alguma forma, poderiam estar beneficiando a expansão dessas organizações criminosas.
“Qual é o interesse do governo em deixar que as facções avancem cada vez mais?”, questionou Caiado.
Ele descreveu como as facções ultrapassaram o submundo do crime e hoje interferem diretamente na vida cotidiana e na economia de várias regiões do país. Em estados como o Rio de Janeiro, empresas e trabalhadores são forçados a negociar com criminosos para operarem. Para ele, a expansão do crime representa uma “ocupação do mercado” pela força, ameaçando a substituição de negócios legítimos por operações controladas pelo crime.
Ações urgentes nas fronteiras e cooperação internacional
Caiado destacou que uma das soluções mais imediatas seria reforçar a fiscalização nas fronteiras, impedindo o fluxo de drogas e armas que alimenta o crime organizado. Ele propôs ainda uma postura mais ativa na diplomacia regional, com acordos firmes com países como Colômbia, Venezuela e Bolívia, onde o tráfico é um problema compartilhado. Para ele, parcerias internacionais poderiam incluir o uso de tecnologias de monitoramento e uma inteligência compartilhada, elementos que, segundo o governador, são cruciais para enfraquecer as facções criminosas.
“É hora de permitir a ação policial“, diz Ronaldo Caiado
O governador também criticou a falta de respaldo legal para uma ação policial mais efetiva. Ele argumentou que decisões judiciais, como a restrição imposta pelo Supremo Tribunal Federal sobre operações policiais em favelas do Rio de Janeiro, limitam a capacidade dos estados de combater o crime. Caiado defendeu uma “abordagem firme” que permita à polícia realizar seu trabalho sem as restrições que, segundo ele, acabam por beneficiar os criminosos.
Ao longo de suas declarações, Ronaldo Caiado reforçou a urgência de uma revisão nas normas legais e na postura do governo federal. Segundo ele, é preciso que o Brasil priorize medidas de controle e uma cooperação internacional ativa, além de revisar normas que atualmente dificultam a ação das forças de segurança, como forma de garantir a proteção da população e de restabelecer a confiança na capacidade do Estado.