A revelação de supostos desvios milionários na Saúde Pública descobertos por uma auditoria feita pela Fundação Municipal de Saúde (FMS) de Teresina, determinada pela gestão atual da Prefeitura de Teresina, é um golpe devastador para uma população que já enfrenta dificuldades extremas no acesso à saúde pública.
Recursos destinados ao atendimento básico e à compra de medicamentos foram, segundo o relatório, desviados em um esquema fraudulento que envolve clínicas privadas. A dimensão dos desvios, que pode chegar a um bilhão de reais, não é apenas chocante; é uma tragédia que expõe o lado mais sombrio e destrutivo da corrupção.
O impacto desse escândalo vai muito além dos números. Cada real desviado representa medicamentos que não chegaram a pacientes, exames que não foram realizados e consultas que não aconteceram. As filas intermináveis, a falta de insumos básicos e a precariedade no atendimento são consequências diretas dessa corrupção, que transforma o direito à saúde em uma promessa vazia. Para os piauienses, essa corrupção não é um problema distante; é a diferença entre ter ou não o atendimento que salva vidas.
O novo prefeito, Silvio Mendes, que assume em janeiro, já se deparou com essa realidade desoladora ao iniciar o trabalho de transição. Mendes chamou a atenção para o sofrimento causado pela falta de recursos que deveriam estar disponíveis. Para ele, garantir a transparência e a ética na gestão da saúde será prioridade. No entanto, a recuperação da credibilidade do sistema de saúde será uma tarefa monumental, exigindo mais do que medidas administrativas – será necessária uma reformulação estrutural que previna novos escândalos e garanta que cada centavo público seja bem aplicado.
As investigações, que serão acompanhadas pelo Ministério Público Federal (MPF) e vão envolver a Polícia Federal, são fundamentais para que os responsáveis por esses desvios sejam punidos. Mas a punição, embora essencial, não apaga os efeitos devastadores dessa corrupção na vida dos cidadãos de Teresina. A população precisa de um sistema de saúde que seja confiável, acessível e administrado com integridade. E, acima de tudo, precisa de líderes que compreendam a responsabilidade que têm em proteger o direito básico à saúde.
A corrupção é um câncer que destrói não apenas as finanças públicas, mas a própria esperança da população em dias melhores. O povo de Teresina merece mais do que promessas; merece ações concretas que transformem o sistema de saúde e devolvam a dignidade a cada cidadão que depende do SUS.