Durante a reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e demais governadores no Palácio do Planalto, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, destacou seu posicionamento contrário à Proposta de Emenda Constitucional (PEC) da Segurança Pública proposta pelo governo federal. Com a proximidade das eleições presidenciais de 2026, Caiado, visto como potencial candidato, utilizou o evento para reforçar sua defesa de uma política de segurança descentralizada e autônoma, com ênfase em uma abordagem localizada para enfrentar o crime organizado.
Em seu discurso, Caiado criticou o que classificou como “engessamento” da atuação policial no Rio de Janeiro, exemplificando com as dificuldades de operação nas favelas da cidade, onde o acesso das forças de segurança é limitado por decisões judiciais. “Para entrar na favela do Rio de Janeiro, tem que pedir autorização para o Ministério Público, Tribunal de Justiça, Supremo Tribunal Federal… só não precisa pedir para o Papa. Isso é absurdo,” ironizou Caiado, em crítica ao sistema jurídico que, segundo ele, restringe as ações policiais e dificulta o combate direto às facções criminosas.
O governador de Goiás ressaltou que, sob sua gestão, o estado adotou uma política rigorosa que reduziu significativamente os índices de criminalidade, destacando-se como referência. “Quando assumi, Goiás tinha algumas das cidades mais perigosas do Brasil; hoje, são áreas pacificadas,” afirmou. Ele mencionou a criação de batalhões especializados e o uso de inteligência policial para enfrentar o crime de forma autônoma, defendendo a necessidade de que cada estado tenha a liberdade de definir suas próprias estratégias.
Defesa da autonomia estadual e desafios ao Governo Federal
Ao longo da reunião, Caiado insistiu em que o governo federal adote uma postura de apoio aos estados sem interferir diretamente nas políticas locais. “O crime em Goiás é diferente do crime na fronteira, na Amazônia ou no litoral,” argumentou, defendendo uma abordagem flexível que respeite as peculiaridades regionais.
Em tom desafiador, Caiado lançou uma proposta ao governo federal: que a nova PEC de segurança pública garanta aos estados a prerrogativa de legislar sobre penalidade e administração penitenciária. “A cada governador, a prerrogativa de legislar sobre segurança pública. Em Goiás, eu terminei com o crime. Por que isso não pode ser feito em outros estados?” questionou o governador, reforçando sua visão de uma gestão regionalizada como estratégia eficaz no combate à criminalidade.
Caiado se posiciona como possível líder nacional
A proposta de Caiado visa não apenas ao fortalecimento da autonomia estadual na segurança pública, mas também posiciona o governador como um potencial defensor de políticas públicas mais assertivas para o Brasil. Ao defender uma estratégia regionalizada e robusta contra o crime, Caiado tenta consolidar sua imagem de liderança nacional, colocando-se como alternativa a um governo que, segundo ele, “centraliza e engessa” as ações necessárias para enfrentar a complexidade do crime organizado.
O governador concluiu sugerindo que o governo federal precisa rever a PEC para melhor atender aos interesses locais, reforçando que a segurança pública deve respeitar a diversidade de realidades regionais do país.