Brasília – Na disputa pela presidência da Câmara dos Deputados, o deputado Hugo Motta (Republicanos-PB) está em articulações intensas para garantir uma base sólida de apoio, enfrentando exigências de peso por parte do PT. Entre as principais demandas para assegurar o suporte do partido, que possui uma das maiores bancadas da Casa, está uma indicação para o Tribunal de Contas da União (TCU), órgão fundamental na fiscalização das contas públicas e na avaliação de políticas do governo federal.
O PT considera a vaga no TCU uma prioridade estratégica, pois o órgão desempenha um papel central na auditoria de gastos públicos e no controle de contratos e investimentos governamentais. Com uma cadeira no tribunal, o partido busca fortalecer sua capacidade de monitoramento sobre as finanças federais e se colocar em uma posição de maior influência sobre as decisões de fiscalização que impactam diretamente a administração federal. A disputa pela presidência da Câmara, portanto, tornou-se uma oportunidade para o PT consolidar uma posição no TCU em um momento decisivo.
Além da vaga no TCU, o PT condiciona seu apoio a Mota à concessão de outros cargos de influência na estrutura administrativa da Câmara, incluindo a Secretaria-Geral e uma representação significativa nas comissões mais relevantes, como a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). A Secretaria-Geral, em particular, é valorizada pelo partido por sua capacidade de coordenar as atividades administrativas e parlamentares da Casa, controlando pautas e o fluxo de tramitação dos projetos de lei.
Essa estratégia do PT também se relaciona à intenção de barrar pautas e projetos que possam afetar interesses do partido ou beneficiar adversários políticos, como o projeto de Anistia defendido pela ala bolsonarista. Esse projeto propõe o perdão de figuras envolvidas nos atos de 8 de janeiro, e sua tramitação se intensificou após o ex-presidente Jair Bolsonaro manifestar apoio à iniciativa. Com influência no TCU, o PT pretende assegurar um canal adicional de controle, que funcione como barreira para medidas controversas que possam impactar a governança.
A questão da anistia do 8 de janeiro
Para Hugo Motta, a adesão do PT ao seu projeto de presidência pode garantir uma base robusta, mas traz o desafio de equilibrar as demandas dos diferentes blocos. Enquanto o PL e partidos da direita pressionam pela aprovação do projeto de Anistia, o PT e setores alinhados ao governo federal buscam impedir que a pauta avance. O presidente da Câmara, Arthur Lira, também demonstrou cautela, transferindo a proposta de Anistia da CCJ para uma comissão especial conhecida por adiar decisões polêmicas, sinalizando o cenário polarizado que Mota poderá enfrentar.
Caso seja eleito, Mota precisará equilibrar as promessas feitas ao PT com as pressões de outros partidos, como o União Brasil e o PP, que também pleiteiam posições de destaque na Mesa Diretora.