O julgamento de Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz, acusados pelo assassinato da vereadora Marielle Franco e de seu motorista, Anderson Gomes, em março de 2018, começará nos próximos dias e deve se estender por até dois dias. O crime, que gerou grande repercussão nacional e internacional, foi um marco na luta por justiça no país devido ao simbolismo da trajetória de Marielle, uma defensora dos direitos humanos e das minorias. Lessa e Queiroz, ex-policiais, enfrentam acusações de homicídio qualificado, podendo pegar penas de até 84 anos de prisão se forem condenados.
O julgamento será realizado pelo Tribunal do Júri, com a presença de sete jurados, e a condução dos trabalhos caberá a um juiz que permitirá a apresentação de provas, depoimentos e confrontos entre acusação e defesa. Devido à sensibilidade do caso e seu impacto público, a sessão será aberta ao público, porém com acesso controlado e acompanhamento atento de organizações de direitos humanos.
Etapas do julgamento
O processo de julgamento será dividido em duas fases. Na primeira, os promotores responsáveis pela acusação apresentarão provas e ouvirão testemunhas, que relatarão detalhes e circunstâncias que cercam o crime e o envolvimento dos réus. Espera-se que a acusação utilize dados de telefonia, movimentações financeiras e testemunhos para reforçar as alegações de que Lessa e Queiroz foram os responsáveis pelo ataque que matou Marielle e Anderson.
A defesa, por outro lado, tentará desqualificar as provas apresentadas e apontar falhas na investigação, em uma estratégia de alegação de inocência para seus clientes. A fase final será a decisão dos jurados, que deverão considerar as evidências e argumentos de ambas as partes para emitir um veredicto.
O Impacto do caso
A morte de Marielle Franco, então vereadora do Rio de Janeiro pelo PSOL, foi um golpe doloroso para o Brasil. Marielle era conhecida por sua atuação em causas sociais, defendendo os direitos de comunidades periféricas, LGBTQIA+ e de minorias étnicas. Sua morte chocou o país e teve repercussão internacional, atraindo o interesse de entidades como a ONU e diversos organismos internacionais de direitos humanos, que cobram respostas rápidas e efetivas das autoridades brasileiras.
A relevância deste julgamento vai além da sentença para Lessa e Queiroz. Trata-se de um teste para o sistema judiciário brasileiro, que enfrenta pressão crescente por respostas contundentes e transparência na condução de processos envolvendo crimes de grande impacto social. Para a família de Marielle e para a sociedade, o julgamento dos acusados é um passo importante, mas ainda distante de uma resolução completa, pois as investigações até agora não apontaram quem ordenou o assassinato — um dos maiores questionamentos em aberto.
Perguntas sem resposta
Ainda que o julgamento represente um avanço na tentativa de esclarecer o crime, a ausência de identificação dos mandantes deixa uma lacuna significativa no caso. Esse ponto desperta grande interesse público e é um dos elementos centrais da pressão por justiça. Organizações de direitos humanos, ativistas e a população aguardam por respostas completas que abordem tanto a execução quanto os interesses por trás do crime.
Com o julgamento iminente, o Brasil e o mundo acompanham atentamente um caso que, além de exigir justiça para Marielle e Anderson, representa uma luta maior contra a impunidade e a violência.