Teresina, 25 de outubro de 2024
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Senado tenta aprovar regulamentação do mercado de carbono antes da COP 29

Senado acelera negociação sobre regulamentação do mercado de crédito de carbono

Senadores e deputados intensificam as negociações para aprovar, em novembro, o Projeto de Lei 182/2024, que trata da regulamentação do mercado de carbono no Brasil. O esforço tem como meta garantir que a nova legislação esteja aprovada antes da COP 29, a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, que ocorrerá entre os dias 11 e 22 de novembro em Baku, no Azerbaijão.

O PL permite que empresas e países compensem suas emissões de gases poluentes por meio da compra de créditos de carbono vinculados a iniciativas de preservação ambiental.

A informação foi divulgada nesta quarta-feira (23) pelos senadores Otto Alencar (PSD-BA) e Efraim Filho (União Brasil-PB), após reunião com lideranças do Senado. O objetivo é agilizar o processo para que o Congresso Nacional chegue a um consenso e aprove a medida antes da conferência climática, destacando o protagonismo do Brasil na agenda ambiental global.

Coordenação entre Senado e Câmara

A senadora Leila Barros (PDT-DF) foi designada como relatora do projeto no Senado, sucedendo o deputado Aliel Machado (PV-PR), que relatou a proposta na Câmara. Ambos participarão de uma videoconferência nesta quinta-feira (24) para alinhar a redação final do projeto e garantir uma versão que possa ser aprovada pelas duas Casas sem grandes mudanças, evitando vetos presidenciais ou emendas de última hora.

“Vamos chegar a um denominador comum para que o que for aprovado no Senado também passe sem dificuldades pela Câmara dos Deputados”, afirmou Otto Alencar. Ele destacou que levará o texto para avaliação da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência, com o objetivo de antecipar possíveis divergências e evitar vetos ao texto final.

Pressão pela aprovação da regulamentação do mercado de carbono antes da COP 29

Políticos brasileiros pressionam pela regulamentação do mercado de carbono no Brasil antes da COP 29

Segundo o senador Efraim Filho, o Brasil tem a responsabilidade de liderar a transformação ambiental global, e a regulamentação do mercado de carbono seria um avanço significativo para o país, especialmente com a COP 30 marcada para ocorrer em Belém (PA) em 2025.

“O Congresso quer entregar esse texto aprovado por consenso ainda em novembro. É uma questão estratégica para o Brasil, que estará no centro do debate climático global nos próximos anos”, ressaltou Efraim.

Disputa sobre repasse para povos indígenas e quilombolas

Um dos pontos de maior debate no projeto é a exigência de que o poder público repasse no mínimo 70% dos ganhos obtidos com a venda de créditos de carbono gerados em terras indígenas, quilombolas e assentamentos da reforma agrária. O projeto prevê que o Estado poderá realizar projetos de sustentabilidade nessas áreas, que resultarão na geração de créditos de carbono, a serem comercializados com empresas e países que superarem seus limites de emissões.

O senador Otto Alencar afirmou que considera o percentual de 70% elevado e sugeriu que a regulamentação desse repasse seja feita posteriormente por decreto presidencial.

O relator na Câmara, Aliel Machado, defendeu a fixação do percentual por lei, citando a importância de garantir a proteção dos direitos dos povos tradicionais, independentemente de quem esteja na presidência. A questão ainda precisa ser resolvida para a construção de um consenso.

O que diz o projeto de regulamentação do mercado de carbono

O PL 182/2024 cria regras para o mercado de crédito de carbono no Brasil, dividindo-o em dois setores: regulado e voluntário. O mercado regulado envolverá iniciativas do poder público, seguindo as diretrizes do Protocolo de Kyoto, e se aplicará a entidades que emitirem mais de 10 mil toneladas de CO2 equivalente (CO2eq) por ano, como é o caso de grandes poluidoras, a exemplo da Petrobras, que emitiu 46 milhões de toneladas de CO2eq em 2023.

O projeto também prevê a criação de um órgão gestor, que será responsável por regulamentar e aplicar sanções às entidades que descumprirem as regras. Além disso, o projeto introduz mecanismos para a venda e negociação de créditos de carbono, incluindo as Cotas Brasileiras de Emissões (CBE) e os Certificados de Redução ou Remoção Verificada de Emissões (CRVE), que serão implementados tanto por entes públicos quanto privados.

Expectativa para a COP 29

A COP 29 deve reunir entre 50 e 60 mil pessoas e é um dos eventos mais importantes do calendário da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre mudanças climáticas. A regulamentação do mercado de carbono no Brasil poderia dar ao país um peso ainda maior nas discussões globais, especialmente com a proximidade da COP 30, que ocorrerá pela primeira vez em solo brasileiro.

Durante uma audiência pública da Comissão de Meio Ambiente (CMA), o secretário-executivo adjunto do Ministério da Fazenda, Rafael Dubeux, destacou que a aprovação do projeto antes da conferência seria um grande trunfo diplomático para o Brasil, fortalecendo sua posição nas negociações climáticas internacionais.

“A aprovação do projeto colocaria o Brasil em posição de destaque nesse debate, com mais legitimidade para cobrar compromissos ambientais globais”, concluiu Dubeux.

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