Teresina, 9 de setembro de 2024
Logotipo do grupo DO POVO de Comunicação
BroadCast DO POVO. Serviço de notícias para veículos de comunicação com disponibilzação de conteúdo.
Pesquisar
Close this search box.

Agespisa enfrenta ameaça de perder concessão de água e esgoto em Teresina

A empresa estatal Águas e Esgotos do Piauí S/A (Agespisa) enfrenta um momento crítico em sua história. Um processo de caducidade instaurado pela Agência Municipal de Regulação de Serviços Públicos de Teresina (ARSETE) ameaça a continuidade de seus serviços na capital piauiense. A questão alcançou a justiça e pode levar à revogação do contrato de concessão com o município de Teresina.

Histórico e contexto da concessão

O Contrato de Programa nº 03/2012, firmado entre a Agespisa e o Município de Teresina, é a base legal para a prestação de serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário na cidade. Com vigência até 2047, o contrato foi estabelecido sob a Lei Municipal nº 3.286/2004, que permitiu a delegação desses serviços. No entanto, ao longo dos anos, a prestação dos serviços pela Agespisa se tornou alvo de críticas, culminando na subconcessão, por via indireta através do Governo do Estado do Piauí, sócio majoritário da Agespisa, para a empresas AEGEA, formadora da sociedade de propósito específico (SPE) Águas de Teresina, contratada para atuar na zona urbana da capital.

A instauração do processo de caducidade

Em julho de 2024, a ARSETE emitiu a Resolução nº 74/2024, que determinou a instauração do processo de caducidade do contrato da Agespisa. O processo foi motivado por supostas inadimplências contratuais da empresa, que incluem a prestação inadequada de serviços e o não cumprimento de metas contratuais. A Agespisa, por sua vez, argumenta que o processo viola o devido processo legal e não respeita as normas administrativas estabelecidas pela própria ARSETE.

O Contrato de Programa nº 03/2012 e suas implicações legais

O Contrato de Programa original autorizava a Agespisa a explorar os serviços de saneamento básico em Teresina por 35 anos. Com a subconcessão à Águas de Teresina, a Agespisa manteve a responsabilidade pela zona rural, mas a qualidade dos serviços e a cobertura foram questionadas. A ARSETE, com base na Lei nº 8.987/1995, que regula as concessões de serviços públicos, decidiu pela abertura do processo de caducidade, alegando que a Agespisa não cumpriu suas obrigações contratuais.

Argumentos da Agespisa no processo judicial

A Agespisa, em sua defesa, sustenta que a Resolução nº 74/2024 é inconstitucional e ilegal, pois não seguiu o devido processo legal previsto no artigo 38 da Lei de Concessões. A empresa alega que as notificações de descumprimento enviadas pela ARSETE foram baseadas em regulamentos anteriores, que já haviam sido substituídos por novas resoluções mais benéficas. Além disso, a Agespisa argumenta que deveria ter sido dada a oportunidade de corrigir as supostas falhas antes da instauração do processo de caducidade.

A Agespisa, ao tentar impedir a abertura do processo que pode resultar na caducidade da concessão, buscou manter seu controle sobre os serviços de água e esgoto em Teresina, mas enfrenta críticas severas por sua gestão, especialmente na zona rural. A ausência de poços, fossas sépticas e outros serviços essenciais nessas áreas, onde a empresa foi omissa, deixou a população desassistida e obrigou a prefeitura a assumir responsabilidades que deveriam ser do governo estadual. Essa falha na prestação de serviços reforça os argumentos pela necessidade de revisão da concessão e expõe a fragilidade da atuação da Agespisa em atender adequadamente as demandas básicas da capital.

O que aponta a ARSETE

As investigações preliminares da ARSETE apontam que, além da água de baixa qualidade fornecida à população de Teresina, a Agespisa também falhou em cumprir a cobertura dos serviços de saneamento dentro dos parâmetros estabelecidos no contrato. As cobranças irregulares e abusivas realizadas pela subconcessionária Águas de Teresina agravam ainda mais a situação, tornando esses fatores determinantes para a abertura do processo que visa o rompimento da concessão com a Agespisa. Essas irregularidades não apenas comprometem a qualidade do serviço prestado, mas também violam os direitos dos consumidores, justificando a possibilidade de caducidade da concessão.

Justiça nega liminar à Agespisa

A tentativa da Agespisa de impedir o processo de caducidade foi frustrada quando a Justiça negou o pedido de liminar, permitindo que a ARSETE continue com a investigação. Essa decisão judicial reflete a seriedade das alegações contra a Agespisa e coloca a empresa em uma posição delicada, com a possibilidade real de perder a concessão.

Pagamentos ao Governo do Estado

A transparência sobre os valores pagos à Agespisa e ao governo do Estado durante a contratação da Águas de Teresina, assim como a destinação dos 176 milhões de reais e o adiantamento de outros 70 milhões recebidos pelo Governo do Estado, é uma demanda legítima da população de Teresina.

As possíveis irregularidades descobertas no contrato entre a prefeitura e a Agespisa levantam sérias dúvidas sobre a legalidade do contrato de subconcessão, especialmente após a prorrogação por cinco anos, que parece ter ocorrido em desacordo com a legislação municipal. A auditoria em andamento pretende esclarecer não apenas essas questões contratuais, mas também examinar as contas dos usuários e as receitas da Águas de Teresina, buscando responsabilizar os envolvidos e garantir que os direitos dos consumidores sejam respeitados.

Impacto para a população de Teresina

A perda da concessão pela Agespisa poderia levar à entrada de uma nova empresa para gerir os serviços de água e esgoto, o que, por um lado, poderia melhorar a qualidade dos serviços. Com o fim do Contrato de Programa, em tese, a Águas de Teresina passaria passaria a ter uma relação direta com a Prefeitura de Teresina. Com o processo de caducidade em curso, Teresina pode estar à beira de uma mudança na gestão de seus serviços de saneamento básico.

A continuidade do processo dependerá da capacidade da Agespisa de apresentar uma defesa sólida e de provar que está apta a cumprir suas obrigações contratuais. Se a caducidade for confirmada, será necessário um novo processo licitatório para escolher um novo concessionário, o que pode trazer melhorias ou novos desafios para a cidade.

PUBLICIDADE
CONTEÚDO RELACIONADO
PUBLICIDADE
VEJA TAMBÉM
ÚLTIMAS
PUBLICIDADE
CONTEÚDO RELACIONADO
PUBLICIDADE
VEJA +

Notícias

Institucional

Para você

Notícias

Institucional

Para você