A Polícia Federal (PF) lançou hoje a “Operação Hidra”, uma ampla investigação para desmantelar uma organização criminosa especializada em crimes contra a administração pública e lavagem de dinheiro. O grupo, que inclui agentes públicos, servidores, empresários e particulares, vinha operando no sertão de Pernambuco.
Na manhã desta quinta-feira (13/7), mais de 200 policiais federais se mobilizaram para cumprir 86 mandados de busca e apreensão, expedidos pelo Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF-5). As ações foram realizadas em diversos municípios, incluindo Recife, Camaragibe, Caruaru, Arcoverde, Ibimirim, Afogados da Ingazeira, Itacuruba, Inajá e Salgueiro.
As investigações, que começaram a partir de um acordo de colaboração premiada homologado pelo TRF-5, levantaram indícios de associação criminosa, lavagem de dinheiro, e a existência de empresas fictícias contratadas pela prefeitura. A análise também detectou vínculos suspeitos entre os proprietários dessas empresas e processos licitatórios com sinais de contratações diretas irregulares, superfaturamento e fraudes.
De acordo com a PF, o esquema envolvia a contratação de empresas “fantasmas” e companhias ligadas ao mesmo grupo ou aos mesmos empresários para o fornecimento de material e prestação de serviços em áreas como saúde, obras de engenharia, terraplanagem/pavimentação e locação de veículos. Durante as licitações realizadas pelo município, há indícios de que um dos empresários beneficiados pelo esquema indicou um pregoeiro para garantir a vitória de empresas previamente selecionadas.
As evidências apontam que os suspeitos tinham contato prévio para ajustar quais empresas venceriam as licitações. Os empresários participantes do esquema chegaram a conhecer os documentos das licitações antes mesmo de serem oficialmente divulgados.
Há também fortes indícios de que os suspeitos – agentes públicos e empresários – acertaram entre si os valores de vantagens indevidas a serem pagas por conta do sucesso das empresas previamente selecionadas nos certames.
A investigação coletou provas da utilização de várias contas “laranjas”, incluindo servidores, ex-servidores municipais e pessoas sem condição socioeconômica para movimentar os valores revelados nos relatórios de inteligência financeira, bem como de empresas “fantasmas”, para lavar o dinheiro proveniente de atos de corrupção e possíveis desvios de recursos públicos.
Os crimes investigados incluem formação de organização criminosa, corrupção ativa e passiva, dispensa indevida de licitação, fraude à licitação e lavagem de dinheiro. As penas máximas, somadas, podem ultrapassar 42 anos de reclusão.