O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) divulgou na noite de ontem (15) o relatório final sobre o acidente aéreo que vitimou a cantora Marília Mendonça e mais quatro pessoas em novembro de 2021. O documento aponta uma “avaliação inadequada” do piloto Geraldo Martins Medeiros, 55, como um dos fatores que levaram ao trágico acidente em Piedade de Caratinga, Minas Gerais.
Segundo o relatório, houve uma análise imprópria sobre os parâmetros da operação da aeronave na aproximação para o pouso. A “perna do vento” foi alongada em uma distância significativamente maior do que a esperada para uma aeronave de ‘Categoria de Performance B’ em procedimentos de pouso.
O Cenipa, órgão responsável pelas atividades de investigação de acidentes aeronáuticos da aviação civil e da Força Aérea Brasileira (FAB), esclarece que as investigações realizadas não visam estabelecer culpa ou responsabilidade, mas sim identificar medidas de segurança que possam aprimorar a segurança de voo.
Falha humana causou acidente com Marília Mendonça
Contrariando a declaração do advogado da família de Marília Mendonça, Robson Cunha, que afirmou não haver falha humana no acidente, o relatório destaca que a aproximação da aeronave ao solo “foi iniciada a uma distância significativamente maior do que a esperada” e “com uma separação em relação ao solo muito reduzida”. A investigação também concluiu que não houve falha mecânica durante o acidente.
A aeronave colidiu com um cabo de uma torre de distribuição da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig). No entanto, o relatório salienta que a linha de transmissão estava fora da zona de proteção do aeródromo local e, portanto, “não se caracterizava como um obstáculo que pudesse causar efeito adverso à segurança ou regularidade das operações aéreas”.
O especialista em direito aeronáutico Beny Balabram acredita que houve uma falha humana no sentido de que a aeronave estava sobrevoando uma área fora do perímetro de segurança.
Em entrevista exclusiva a Splash, João Gustavo, irmão de Marília Mendonça, ressaltou que “nada disso vai trazer a Marília, filha da Ruth, mãe do Leo e irmã do João Gustavo, de volta”. A mãe da cantora, durante coletiva de imprensa, reiterou que não busca culpados, mas sim que situações como essa sejam evitadas para que mais nenhuma família passe pela dor da perda.
O trágico acidente ocorreu no dia 5 de novembro de 2021, por volta das 15h30, a 309 km de Belo Horizonte, levando à morte a cantora, o produtor Henrique Bahia, o assessor e tio da cantora, Abiceli Silve
ira Dias Filho, o piloto Geraldo Martins de Medeiros e o copiloto Tarciso Pessoa Viana.
O avião, que estava a 2 km do aeroporto onde iria pousar, caiu em uma área de difícil acesso. Antes de cair, a aeronave atingiu o cabo de uma torre de distribuição de energia elétrica, causando interrupção de acesso à energia elétrica para 33 mil pessoas, de acordo com a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), que administra o fornecimento de eletricidade na região.
A aeronave havia saído de Goiânia com destino ao aeroporto de Caratinga (MG), onde Marília Mendonça faria um show para 8.000 pessoas. O restante da banda já estava na cidade, tendo feito o trajeto de ônibus.
A perda de Marília Mendonça, uma das maiores vozes da música sertaneja brasileira, repercutiu em todo o país, deixando um vazio na indústria da música e no coração de seus fãs. Enquanto a investigação do Cenipa visa melhorar a segurança aérea, a família e os admiradores de Marília Mendonça buscam curar a dor da perda e preservar o legado da cantora.