O presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Piauí (Fapepi), professor João Xavier, se reuniu com o professor Alberto Jorge Castro, membro da Academia de Ciências do Piauí e da Academia Ipuense de Letras, Ciências e Artes, na manhã da última quinta-feira (11). Durante a reunião, os dois discutiram a importância de se valorizar a Caatinga e o Cerrado como patrimônios naturais do Brasil, e como os verdadeiros biomas do Piauí.
A ideia, segundo Alberto Jorge, é buscar formas, por meio da Fapepi e outras entidades, para esclarecer e reforçar os estudos sobre os biomas do Piauí, já que um dos prejuízos relacionados à questão pedagógica é a transmissão de informações incompletas ou erradas sobre a interpretação dos recursos naturais locais e regionais de qualquer espaço geográfico. “Algumas definições, como a que temos Mata Atlântica prejudica o Piauí quanto à sua caracterização ecológica, já que se inclui como uma das riquezas intrínsecas piauienses à existência natural de alguma Mata Atlântica, o que é falso tanto em argumento quanto em base técnico-científica.
De acordo com os especialistas, é mais importante valorizar a Caatinga, o Cerrado e os extensos ecótonos (setentrionais e meridionais) do Piauí, que se distribuem em todo o seu eixo longitudinal, configurando um dos três mais importantes trópicos ecotonais do Brasil. “Essas áreas de tensão ecológica contribuem para a biodiversidade de tipo, de forma e de função e são centros de evolução biológica, únicos, para a formação de novas espécies”, afirmou o professor.
Os estudiosos apontam que o Cerrado e a Caatinga são tão importantes quanto à Amazônia, à Mata Atlântica e o Pantanal, por exemplo, mas ainda não são considerados patrimônio nacional do Brasil. Isso fortalece a ideia de que essas áreas devem continuar sendo utilizadas como “capitais naturais” para todo tipo de desenvolvimento econômico, o que é pouco social e absolutamente não sustentável a longo prazo.
Os estudos realizados até agora mostram que as florestas do Piauí apresentam uma mistura de espécies de vários domínios florísticos, ou seja, plantas da Amazônia, do Cerrado, da Caatinga, do Pantanal e da Mata Atlântica. “Ou seja, o que temos são legitimamente florestas de transição”, considera Alberto.