No último domingo (11/5), o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), pela Promotoria de Justiça da 36ª Vara Criminal da Capital, deu um passo decisivo em busca de justiça para as vítimas do incêndio ocorrido no Ninho do Urubu. O incêndio, que aconteceu em fevereiro de 2019, resultou na morte trágica de dez atletas da base do Flamengo e deixou outras três pessoas feridas.
Incêndio no Ninho do Urubu: um trágico acidente
O incêndio, que se iniciou no dia 8 de fevereiro de 2019, teve suas causas investigadas por quase três anos. Os peritos descobriram que as chamas começaram por um aparelho de ar condicionado e se espalharam rapidamente devido ao revestimento inflamável dos contêineres que serviam como alojamento para os jovens atletas. Ao todo, mais de quarenta testemunhas foram ouvidas durante a investigação.
Observando a complexidade do caso e a multiplicidade de envolvidos, o MPRJ acredita que as evidências são suficientes para comprovar a responsabilidade criminal dos denunciados. A promotoria ressaltou que o incêndio poderia ter sido evitado, uma vez que os acusados sabiam que o centro de treinamento estava funcionando sem o alvará de aprovo do Corpo de Bombeiros, em razão das repetidas interdições e multas recebidas por operar clandestinamente.
Quem são os acusados pelo incêndio culposo no Ninho do Urubu?
- Antonio Marcio Mongelli Garotti e Marcelo Maia: responsáveis pela gestão no CT
- Claudia Pereira Rodrigues, Danilo da Silva Duarte, Fabio Hilario da Silva e Weslley Gimenes: encarregados dos contêineres que serviam de alojamento
- Edson Colman da Silva: contratado para manutenção dos ar condicionados
Apesar de onze pessoas terem sido inicialmente denunciadas, a Justiça rejeitou a acusação contra dois dos implicados, alegando que não estavam presentes no local do incêndio durante o ocorrido. Um terceiro foi absolvido por não ter contribuído para o crime, enquanto outro caso não chegou a ser julgado por motivos relacionados à idade do acusado, o que resultou na prescrição do delito.
“Além disso, um terceiro foi absolvido sumariamente, diante do entendimento de que suas ações não contribuíram para a prática do crime. Já o quarto excluído do polo passivo não chegou a ser julgado por questão de ordem pública, uma vez que atingiu a idade prevista no Código Penal que implicava a redução de sua pena, o que resultou na prescrição do delito”, disse o MP.
Falhas que levaram à tragédia
A Promotora de Justiça apontou que várias falhas estruturais e administrativas contribuíram para a tragédia. A falta de manutenção preventiva nos aparelhos de ar-condicionado e as irregularidades elétricas no centro de treinamento foram deficiências críticas. Além disso, os contêineres eram inadequados, apresentando janelas gradeadas e portas de correr que emperraram no momento do incêndio, dificultando a fuga dos atletas. Também foi revelado que o interior das chapas de aço dos contêineres era feito de material não tratado contra chamas, favorecendo a rápida propagação do fogo.
Vítimas fatais do incêndio
Infelizmente, as vidas de dez jovens promissores foram tragicamente interrompidas naquele dia. As vítimas foram:
- Athila Paixão, 14 anos
- Arthur Vinícius de Barros Silva Freitas, 14 anos
- Bernardo Pisetta, 14 anos
- Christian Esmério, 15 anos
- Gedson Santos, 14 anos
- Jorge Eduardo Santos, 15 anos
- Pablo Henrique da Silva Matos, 14 anos
- Rykelmo de Souza Vianna, 16 anos
- Samuel Thomas Rosa, 15 anos
- Vitor Isaías, 15 anos
Em fevereiro deste ano, o Flamengo finalmente chegou a um acordo judicial com os pais de Christian Esmério, a última família sem resolução. O valor do acordo permanece confidencial, mas o clube reconheceu a importância da reparação para os afetados.
As investigações do MPRJ devem avançar, e a sociedade brasileira espera por um julgamento justo que não apenas responsabilize os envolvidos, mas também busca mudanças que garantam a segurança nas instalações onde futuros talentos esportivos vivem e treinar.