O mais recente Atlas da Violência, publicado na manhã desta segunda-feira (12/5), revelou uma preocupante tendência no estado do Rio de Janeiro. Enquanto o Brasil apresentou uma redução significativa em seus índices de homicídios, o estado fluminense seguiu na contramão, registrando um aumento de 14,1% nas taxas de homicídios entre 2022 e 2023.
Dados do Atlas da Violência
O estudo elaborado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), trouxe à tona dados alarmantes: o Brasil contabilizou 45.747 homicídios em 2023, o menor número registrado em mais de uma década. Contudo, os números do Rio de Janeiro revelam uma realidade oposta: foram 4.292 mortes violentas neste ano, um aumento de 530 em relação a 2022.
Em termos de taxa de homicídios por 100 mil habitantes, enquanto o Brasil viu uma redução de 2,3% nessa estatística, no Rio de Janeiro, a situação foi ainda mais crítica, com um aumento de 13,6%, o que acende um sinal de alerta para as autoridades e a sociedade civil.
O cenário nacional e regional
Na análise regional, o estudo aponta que os menores índices de homicídios por 100 mil habitantes foram encontrados nos estados do Sul, além de São Paulo, Minas Gerais e no Distrito Federal. As regiões Norte e Nordeste, por sua vez, continuam a contabilizar as maiores taxas de homicídios no país.
Segundo o Atlas, a redução número de homicídios no Brasil pode ser atribuída a diversos fatores, incluindo mudanças nas políticas de segurança pública e o aumento da idade média da população. O levantamento também destaca que, ao longo dos últimos anos, 11 estados conseguiram registrar reduções sistemáticas na violência, evidenciando a eficácia de algumas políticas implementadas.
A trégua entre facções e seus impactos
Outro fator que impactou a diminuição dos homicídios em algumas regiões foi a trégua entre facções criminosas, notavelmente entre o Comando Vermelho (CV) e o Primeiro Comando da Capital (PCC). Esta “revolução invisível” nas dinâmicas criminosas parece ter contribuído para a queda na violência letal em várias localidades brasileiras, segundo a pesquisa.
Violência entre jovens
Particularmente preocupante é a alta taxa de homicídios entre jovens. Em 2023, o estudo revelou que 21,8 mil jovens entre 15 e 29 anos foram vítimas de homicídio, o que representa uma média alarmante de 60 assassinatos por dia – cinco a cada duas horas. Este cenário demonstra que a morte violenta é a principal causa de óbito para essa faixa etária, com 34 em cada 100 jovens que faleceram sendo vítimas de homicídio.
Os dados são ainda mais chocantes ao considerarmos que os homens representam 93,5% das vítimas, ressaltando a necessidade urgente de políticas públicas direcionadas a este grupo etário e demográfico específico.
Observações finais
Com números que refletem realidades tão distintas entre o Rio de Janeiro e o restante do Brasil, é vital que as autoridades se debrucem sobre a questão da violência urbana. A implementação de medidas que envolvam educação, segurança pública e apoio psicológico são essenciais para reverter este cenário preocupante e proporcionar um futuro mais seguro para os jovens e a população em geral.
O Atlas da Violência serve como um importante retrato da realidade brasileira e deve ser utilizado como ferramenta para fundamentar ações concretas e efetivas na luta pela redução da violência e pela construção de uma sociedade mais justa e segura.