Em uma atitude que gerou repercussão no meio político, o deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) ocupou a cadeira do presidente da Câmara, Hugo Motta, durante a sessão desta terça-feira. A pressão sobre o deputado ocorreu em meio a um pedido de cassação de seu mandato por quebra de decoro parlamentar, proveniente de um incidente ocorrido no ano passado.
Controvérsias em torno do mandato de Glauber
Glauber Braga é alvo de um pedido de cassação por supostamente ter empurrado e chutado um integrante do Movimento Brasil Livre (MBL) durante um protesto no Congresso em abril de 2022. Esta situação acirrou os ânimos na Câmara, levando a uma série de discussões sobre a conduta de parlamentares e os limites do decoro. O deputado estava acompanhado de sua esposa, a deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP), e de um correligionário, Tarcísio Motta (PSOL-RJ).
A sessão, tradicionalmente transmitida pela TV Câmara, teve seu sinal cortado em um determinado momento, gerando especulações sobre a atmosfera tensa do local. Em meio à situação, Glauber se posicionou firmemente contra o que considera uma falta de punição para aqueles que, segundo ele, participaram de ações golpistas dentro da casa Legislativa. “Se o presidente da Câmara dos Deputados quiser tomar uma atitude diferente da que ele tomou com os golpistas que ocuparam essa mesa diretora, essa é uma responsabilidade dele. Eu, ficarei aqui até o limite das minhas forças”, disse Glauber, demonstrando sua disposição de resistir até o fim.
Desdobramentos e reações dos colegas
Por volta das 17h30, a sessão foi restringida apenas aos parlamentares, enquanto assessores e jornalistas foram retirados do plenário. A Polícia Legislativa foi acionada, aumentando as tensões do evento. O correligionário Chico Alencar (PSOL-RJ) evitou reafirmar apoio a Glauber, apesar de demonstrar solidariedade ao falar sobre a indignação do colega em relação à situação.
Mais cedo, o presidente da Câmara, Hugo Motta, anunciou que na próxima semana será discutida em plenário a cassação da deputada Glauber, da deputada Carla Zambelli e dos deputados Alexandre Ramagem e Eduardo Bolsonaro. Enquanto o pedido de cassação de Glauber e Zambelli estará sob análise da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), as situações dos demais parlamentares seguirão outros trâmites, incluindo a possibilidade de um ato direto da Mesa Diretora para a votação da cassação de Eduardo Bolsonaro, que tem enfrentado uma série de ausências nas sessões.
Questões envolvendo a cassação de Eduardo Bolsonaro
Eduardo Bolsonaro, que reside nos Estados Unidos desde março, é alvo de críticas por sua ausência nas atividades legislativas e pode enfrentar a perda de seu mandato. “O deputado Eduardo Bolsonaro tem o número de faltas suficientes para a cassação de seu mandato”, afirmou Motta, sublinhando a gravidade da situação. Ele já completou o número máximo de faltas permitido e, dentro do prazo, enfrenta múltiplos pedidos de cassação.
Além disso, a situação de Alexandre Ramagem também será debatida em plenário, mesmo após o Supremo Tribunal Federal (STF) ter determinado a perda do mandato devido a uma condenação relacionada a um esquema golpista. Motta explicou que Ramagem terá cinco sessões para apresentar sua defesa antes da fase conclusiva, destacando a importância de se proteger as prerrogativas parlamentares nesse processo.
Caminhos futuros e considerações sobre o decoro
A situação na Câmara reflete não apenas as questões individuais dos parlamentares, mas também um debate mais amplo sobre o decoro parlamentar e as responsabilidades que acompanham o exercício do mandato. Com a polarização política em ascensão, a expectativa é de que os desdobramentos nas próximas sessões fortaleçam ou reconfigurem o relacionamento entre os diferentes partidos e seus integrantes. Enquanto isso, os olhares permanecem voltados para a Câmara, na expectativa por decisões que possam impactar o cenário político brasileiro.
Esses desenvolvimentos trazem à tona a necessidade de um debate mais profundo sobre comportamentos e ética no âmbito político, refletindo o estado atual da democracia no Brasil.



