Brasil, 7 de dezembro de 2025
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Gilmar Mendes suspende dispositivos da Lei do Impeachment e defende autonomia do STF

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, tomou uma decisão importante que suspendeu diferentes dispositivos da Lei do Impeachment, visando evitar distorções no processo e o uso político desse mecanismo. Mendes afirma que o modelo atual, datado de 1950, não foi integralmente recepcionado pela Constituição de 1988, abrindo espaço para práticas de “constitucionalismo abusivo”.

Contexto da decisão

Em uma entrevista ao perfil STF em Foco, divulgada no último domingo (7 de dezembro), Gilmar destacou que partes da norma de 1950 não foram adaptadas à Constituição vigente e estão sendo utilizadas para exercer pressão sobre o Judiciário, especialmente após 2018, ano da eleição de Jair Bolsonaro. “A pretensão de submeter ministros a impeachment, nesses tempos, é recente. No passado, ninguém discutia essa questão”, disse ele, referindo-se ao crescente número de tentativas de impeachment de juízes motivadas por suas decisões judiciais.

Gilmar Mendes questionou a lógica que um presidente da República, para ser afastado, deve passar por um processo rigoroso na Câmara dos Deputados e no Senado, enquanto um ministro do STF poderia ser afastado por uma simples decisão de maioria. “Isso precisa ser relido”, afirmou.

O papel do STF na proteção da democracia

O ministro enfatizou a importância do STF na preservação da democracia no Brasil e fez um apelo para que o debate sobre as mudanças na Lei do Impeachment seja conduzido com cautela e responsabilidade. “É curioso que isso se faça com uma Corte que cumpriu um papel desafiador, que foi o de manter a democracia intacta”, destacou, referindo-se à missão do Tribunal em momentos de crise política.

Além disso, Mendes suspendeu trechos da Lei do Impeachment na semana passada. Ao considerar um pedido de reconsideração da Advocacia-Geral da União (AGU), o ministro reafirmou que a Procuradoria-Geral da República (PGR) será a única instituição autorizada a apresentar pedidos de impeachment contra ministros do STF. Essa medida visa proteger a autonomia do Judiciário e garantir que os pedidos de impeachment sejam feitos de forma justa e razoável.

Consequências e próximos passos

A decisão liminar de Gilmar Mendes está prevista para ser analisada pelo Plenário Virtual do STF entre os dias 12 e 19 de dezembro. Os ministros deverão votar para referendar ou não essa decisão. Caso seja confirmada, a medida trará repercussões significativas para o funcionamento da Justiça no Brasil.

Ademais, ao decidir que uma maioria de dois terços no Senado é necessária para a aprovação de solicitações de impeachment, Mendes propõe um novo padrão que visa proteger as garantias constitucionais da magistratura, como a vitaliciedade e a inamovibilidade. Para ele, um quorum reduzido, como o que estava previsto na lei anterior, enfraquece a autonomia do Judiciário e compromete a legitimidade das sentenças.

A medida foi proferida no contexto da revisão de vários artigos da Lei do Impeachment (Lei 1.079/1950), que tratam do processo de afastamento de ministros. As novas diretrizes surgiram em decorrência das Arguições de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPFs) 1.259 e 1.260, apresentadas pelo partido Solidariedade e pela Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB).

A importância da discussão democrática

Gilmar Mendes finalizou reforçando que “ninguém quer deixar de responder pelos seus próprios atos”. A sua decisão, além de exemplificar a defesa das instituições, também destaca a necessidade de um debate profundo sobre como proteger as garantias constitucionais e fortalecer a democracia no Brasil. Enquanto o país atravessa um período de tensões políticas, decisões como essa são fundamentais para assegurar a integridade do sistema judiciário e, consequentemente, a estabilidade democrática do país.

Com a análise do caso se aproximando, o Brasil aguarda para ver qual será a posição dos demais ministros do STF sobre as implicações da decisão de Gilmar Mendes. O futuro da Lei do Impeachment e sua aplicação estão em jogo, e a importância dessa discussão reverbera em toda a sociedade.

Para mais detalhes, acesse o artigo completo no Metropoles.

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