Brasil, 7 de dezembro de 2025
BroadCast DO POVO. Serviço de notícias para veículos de comunicação com disponibilzação de conteúdo.
Publicidade
Publicidade

Disputa pela renovação da cota de importação de veículos elétricos aquece setor

Fortalecida pela presença da chinesa BYD, que lidera as vendas de veículos eletrificados no Brasil, a disputa pela manutenção da cota de importação de kits para veículos híbridos e elétricos se intensifica. O governo analisa a possibilidade de renovar ou não a isenção de impostos, em um momento crucial para o setor automotivo nacional, cujo desfecho deverá ocorrer em janeiro.

Quem está em jogo na decisão sobre a cota de importação

De um lado, a BYD, que se beneficiou da atual cota de cerca de US$ 463 milhões (R$ 2,46 bilhões pelo câmbio de sexta-feira), exporta por meio de regimes SKD (semidesmontado) e CKD (peças separadas), e investiu na fábrica de Camaçari, na Bahia. Seus executivos, apoiados pelo ministro Rui Costa, veem na prorrogação uma oportunidade de ampliar a presença no Brasil, considerado o mercado mais importante fora da China. Segundo um executivo da chinesa, o país se tornou um mercado decisivo, onde a companhia conseguiu consolidar uma fatia de aproximadamente 3,5% nas vendas de veículos leves.

Por outro lado, montadoras tradicionais como Volkswagen, GM, Toyota, Stellantis e Renault, agrupadas na Anfavea, defendem o fim do benefício tributário. Elas argumentam que a atual política favorece montagens básicas, que geram poucos empregos e pouco impulsionam o desenvolvimento industrial local. Essas empresas influenciam áreas técnicas do governo, com apoio do vice-presidente Geraldo Alckmin, e do ministro Fernando Haddad, ligados à pasta do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.

Impacto político e econômico na decisão

O governo Lula, mediante reuniões com representantes da BYD e da indústria tradicional, tem demonstrado uma postura de equilíbrio. Em um encontro com a chinesa, Lula ouviu pedidos de extensão das cotas, mas evitou confirmar a renovação — dizendo apenas que a empresa seguirá as mesmas condições oferecidas às demais. Entretanto, no momento, a prioridade do Executivo é fortalecer a indústria local, estimulando cadeias de fornecedores e a expansão da produção nacional, como prevê o plano Nova Indústria Brasil (NIB).

O futuro da cota está nas mãos da Câmara de Comércio Exterior (Camex), órgão que aprova ou rejeita a renovação. A decisão final, no entanto, depende da orientação de Lula, que pode direcionar a votação do colegiado.

Repercussões do debate na política e no setor

Além da disputa técnica, o tema envolve questões eleitorais. A permanência da cota favoreceria a manutenção de empregos na Bahia, especialmente na fábrica da BYD, que emprega cerca de 1.400 operários e busca atingir 500 veículos produzidos por turno. Executivos da chinesa também reforçam a importância do Brasil na sua estratégia global, pois o país se tornou uma peça-chave em sua expansão internacional, especialmente diante de bloqueios tarifários na Europa e Norte América.

O presidente Lula, por sua vez, tentou mediar o conflito ao privilegiar o entendimento com representantes das montadoras tradicionais. Em encontros com sindicatos e líderes políticos, Lula também se empenhou em restabelecer o acordo de comércio automotivo com a Colômbia, que havia expirado em setembro, buscando proteger o mercado local e evitar que importações de veículos prontos prejudiquem a indústria nacional.

A influência política e o futuro da indústria automotiva

Especialistas avaliam que a decisão sobre a cota terá impacto direto na competitividade do setor. Para a BYD, a manutenção da cota é temporária e faz parte de uma fase de transição, enquanto montadoras tradicionais alertam para o risco de desincentivar investimentos em tecnologia e produção local, por favorecer importações de veículos quase prontos, reduzindo empregos e inovação no Brasil.

Enquanto o debate prossegue, a expectativa é de que o governo tome uma decisão orientada por interesses políticos e econômicos, que pode alterar o cenário de transformação e competição na indústria automotiva brasileira.

Para mais detalhes sobre a disputa, acesse Fonte.

PUBLICIDADE

Institucional

Anunciantes