Os Correios anunciaram o cancelamento da bonificação natalina, conhecida como “Vale Peru”, neste ano, em meio à crise financeira que enfrenta. A decisão faz parte de um esforço para cortar despesas e garantir a continuidade das operações, enquanto a estatal busca um aporte emergencial do Tesouro Nacional.
Contexto do acordo de 2024 e benefícios concedidos
No ano passado, aproximadamente 55 mil funcionários dos Correios receberam reajuste linear de 4,11% e uma gratificação de 70% de férias. Além disso, foi concedido o “Vale Peru”, uma bonificação de R$ 2.500, paga em duas parcelas no final de 2024, mesmo diante da delicada situação financeira da estatal na ocasião. Segundo informações, essa bonificação era suficiente para adquirir de dez a quinze aves, considerando o custo médio de R$ 40 por quilo.
Crise severa e impacto na folha de pagamento
Revolução na situação financeira
Atualmente, a situação dos Correios é bem diferente: a estatal enfrenta sua maior crise financeira de todos os tempos, precisando aguardar um aporte emergencial entre R$ 5 bilhões e R$ 6 bilhões até 16 de dezembro, para pagar salários, 13º salário e fornecedores. Enquanto isso, o plano de reestruturação inclui a eliminação de 1.000 agências e o corte de aproximadamente 15 mil empregos por meio de um plano de demissão voluntária (PDV).
Medidas de contenção de gastos
Para conter despesas, os Correios suspenderam também a bonificação de Natal dos funcionários, incluindo os carteiros, e prorrogam o Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) até 16 de dezembro, com negociações agendadas para a próxima terça-feira. O ACT, que venceu em meados do ano, atualmente possui cerca de 70 cláusulas sociais e econômicas, como reajustes salariais e benefícios.
Esperando ajuda financeira do governo
A direção dos Correios alterou seus planos de curto prazo, avaliando que há pouco tempo para negociar um empréstimo de R$ 20 bilhões garantido pelo Tesouro Nacional. Segundo fontes próximas às negociações, a possibilidade de um decreto emergencial permitiria um aporte financeiro neste ano, condicionado a um plano de recuperação da estatal.
Coordenação com o governo
Apesar de resistências anteriores devido à autonomia financeira das empresas públicas, há a percepção de que o governo pode liberar recursos emergenciais, dado o agravamento da crise e a necessidade de manter os serviços essenciais. A expectativa é que o auxílio seja concedido até meados de dezembro, garantindo pagamento de salários, fornecedores e outras obrigações.
Perspectivas e planos de reestruturação
Entre as propostas de reestruturação estão o aumento do número de funcionários em PDV e a ampliação do leque de serviços prestados, além do fechamento de mil centros de distribuição e agências. A medida visa otimizar a receita e melhorar a eficiência operacional, com execução prevista para até dois anos.
O cenário atual mostra uma estatal em busca de soluções urgentes para atravessar a crise, enquanto tenta equilibrar cortes de custos e a manutenção de seus compromissos sociais e trabalhistas


