A indicação do advogado-geral da União, Jorge Messias, ao Supremo Tribunal Federal (STF) está no centro de uma intensa disputa política em Brasília. Apesar das preocupações expressas pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), aliados de diversos partidos do Centrão e da oposição manifestam otimismo quanto à possibilidade de aprovação da indicação feita pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O cenário está repleto de expectativas, prazos apertados e uma clara divisão entre as forças políticas que dominam o Senado.
A articulação política e os desafios de Messias
A crise instalada com a candidatura de Messias, que não conta com o apoio unânime das lideranças senadores, provocou o descontentamento de Alcolumbre, favorável à indicação do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG). A sabatina na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) está agendada para o dia 10 de dezembro, o que deixa pouco tempo para Messias consolidar os votos necessários. Para ser aprovado, ele precisará de, pelo menos, 41 votos na Casa.
Os aliados têm realizado um mapeamento cuidadoso sobre os possíveis apoiadores da indicação. A votação será sigilosa, o que pode amenizar o impacto da decisão no eleitorado opositor, e a boa relação de Messias com o segmento evangélico abrem portas para a obtenção de votos. Nos cálculos de líderes partidários, o advogado pode contar com o suporte de senadores da bancada do PL, mesmo após o cancelamento de um almoço agendado para dialogar com o partido.
Os votos e as divisões partidárias
No âmbito do PL, projeta-se que até três dos quatorze senadores possam votar a favor da indicação. Personalidades como o senador Romário (RJ) e a senadora Eudócia Chagas (PL-AL) têm se mostrado abertas ao diálogo com os governistas. Além disso, outros partidos, como o União Brasil e o Republicanos, também apresentam um misto de apoio e resistência à candidatura de Messias. O apoio do presidente do Republicanos, o deputado Marcos Pereira (SP), contrasta com o movimento contrário representado por figuras ligadas ao bolsonarismo dentro da sigla.
Enquanto isso, aliados de Messias tentam remanejar os encontros com os senadores para conquistar apoio, demonstrando que a articulação será crucial nos próximos dias. A habilidade de Weverton Rocha (PDT-MA), relator da indicação, em se estabelecer como uma ponte entre Messias e outros parlamentares, será vital para o sucesso da indicação no Senado.
Tensões entre Legislativo e Executivo
A indicação de Messias ao STF também expõe as tensões existentes entre o Palácio do Planalto e o Senado. Davi Alcolumbre expressou descontentamento com a escolha de Lula e questionou os tempos da comunicação entre os poderes. Ele acusou o governo de tentar associar o apoio no Congresso com negociações de cargos e emendas, uma crítica que acirrou ainda mais a crise política.
Diante dessa situação, a ministra Gleisi Hoffmann, da Secretaria de Relações Institucionais, fez um esforço para apaziguar os ânimos, elogiando a postura do presidente do Senado. Entretanto, as articulações precisam ser ágeis, uma vez que o prazo para que a mensagem de indicação formal chegue ao Senado é limitado e pode afetar o cronograma da sabatina de Messias.
Perspectivas para a votação
A pressão sobre os senadores aumenta conforme a data da sabatina se aproxima, e muitos acreditam que a articulação política convencional não será suficiente. Será necessário que Lula assuma um papel ativo no convencimento dos parlamentares para garantir a aprovação de seu indicado ao STF. Com a proximidade das eleições de 2026, a situação se torna ainda mais delicada, uma vez que o apoio a Messias pode ser visto como um reflexo das alianças políticas futuras.
A complexidade do cenário político atual, marcada por divisões internas e alianças incertas, exige uma habilidade diplomática apurada de todos os envolvidos. O desfecho dessa indicação pode reverberar em outras áreas da governança e afetar o equilíbrio de forças no Legislativo brasileiro.


