Brasil, 2 de dezembro de 2025
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Redes chinesas de comida invadem os EUA em meio a tensões diplomáticas

A relação econômica entre Estados Unidos e China permanece tensa, mas isso não impediu uma intensa expansão de redes chinesas de comida e bebida nos EUA, marcada por aberturas de lojas em Nova York, Los Angeles e outras cidades americanas, desde 2023. A estratégia visa aproveitar a grande e madura mercado americano, apesar dos obstáculos diplomáticos.

Expansão de marcas chinesas de alimentos e bebidas nos EUA

Empresas como HeyTea, Naisnow, Chagee, Luckin Coffee e Wallace vêm abrindo várias unidades nos Estados Unidos, principalmente em Nova York e Los Angeles. A HeyTea, originária de Jiangmen, já conta com cerca de 4.000 lojas na China e abriu uma unidade na Times Square, em Nova York, em 2023. Além dela, as marcas Naisnow e Chagee também estrearam suas primeiras lojas nos EUA neste ano, enquanto a Luckin Coffee tem múltiplas unidades em Manhattan.

As lojas oferecem produtos inovadores, como bebidas com espuma de leite ou queijo, e versões sofisticadas do bubble tea, com frutas frescas, folhas de chá soltas e toppings variados. Muitos estabelecimentos tentam conquistar o público local com opções mais sofisticadas e preços competitivos. Na Times Square, uma unidade da HeyTea atrai longas filas de clientes interessados em chá de frutas com espuma de queijo, além de outras bebidas exclusivas.

Desafios e estratégias de adaptação

As marcas chinesas enfrentam obstáculos na adaptação ao mercado estadunidense. Na estreia, por exemplo, a Haidilao, rede de hot pot, encontrou dificuldades por não oferecer cardápios em inglês, preços mais altos e um serviço que soava intrusivo para o público local, acostumado a mais privacidade. Para superar essas barreiras, a Haidilao ajustou seu atendimento, incluindo orientações em inglês e menus simplificados, além de diversificar o cardápio.

Ricky Chen, presidente da Wallace USA, revelou que a estratégia da rede é adaptar produtos às preferências dos americanos, incluindo mudanças no preparo e na apresentação dos sanduíches de frango, agora mais salgados e com ingredientes tradicionais do mercado local. A rede planeja abrir mais 10 unidades nos EUA até o fim de 2026.

Dinâmicas do mercado chinês e internacional

Mesmo com a expansão, o setor de alimentos na China enfrenta dificuldades devido ao excesso de oferta, ao crescimento lento da economia e à concorrência acirrada, que leva a uma tendência de redução de preços e baixa lucratividade. Segundo Bob Qing, fundador da Tomato Capital, o setor de alimentos e bebidas na China tem três vezes mais estabelecimentos per capita que nos EUA, com metade dos novos fechando as portas em um ano.

Muitos restaurantes chineses de sucesso, como a Wallace e a Haidilao, buscavam mercados internacionais há anos. A expansão nos EUA é vista como uma oportunidade de crescimento diante do mercado interno desaquecido, mas traz também questões de geopolitica, uma vez que as marcas chinesas precisam equilibrar seus interesses comerciais com as tensões diplomáticas entre os dois países.

Reação do mercado americano

Nos EUA, muitas marcas americanas, como Starbucks e Burger King, vêm cedendo espaço às chinesas, vendendo participações ou se retirando do mercado chinês. Por outro lado, as marcas chinesas adotam estratégias como a criação de uma identidade mais alinhada com o público local, inclusive com nomes que remetem a histórias de amor chinesas ou assumindo o perfil de marcas “nascidas nos EUA”, o que ajuda a suavizar a percepção de rivalidade e engajar consumidores americanos.

Emily Chang, diretora comercial da Chagee na América do Norte, afirmou que a empresa pretende expandir além da Califórnia, com planos para várias lojas em andamento e um foco em se tornar uma marca “American-Born Chinese”. Qing, investidor e consultor, destacou que os EUA têm recebido bem as marcas chinesas, apesar das tensões, pois o mercado é considerado altamente atrativo e grande o suficiente para ambos os lados se beneficiarem.

Perspectivas futuras da presença chinesa nos EUA

O movimento de marcas chinesas de comida e bebida nos Estados Unidos indica uma tendência de fortalecimento e crescimento, mesmo em um momento de dificuldades globais. A aposta é de que o mercado americano continuará receptivo às novidades e à inovação, desde que as empresas saibam adaptar suas estratégias às preferências locais e às questões culturais e políticas.

Enquanto isso, o cenário no mercado chinês permanece complicado, com excesso de oferta e uma concorrência que pressiona os preços, incentivando um movimento de internacionalização para buscar novas oportunidades.

Para saber mais detalhes, acesse a matéria completa em O Globo.

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