Durante sua visita ao Líbano, o Papa Leo XIV realizará uma oração no local da explosão no porto de Beirute, ocorrida em 4 de agosto de 2020. A iniciativa busca continuar o compromisso do Vaticano com as vítimas e suas famílias, reforçando o apoio internacional e a necessidade de justiça após o maior desastre não nuclear da história moderna.
Visita ao local da tragédia e apoio ao clamor por justiça
A explosão no porto de Beirute deixou mais de 200 mortos e 6 mil feridos, destruindo bairros predominantemente cristãos na cidade. O impacto foi considerado “apocalíptico” por testemunhas, com ruas sangrentas, prédios colapsados e bairros inteiros destruídos. Para William Noun, irmão de uma vítima, o gesto do Papa é fundamental para manter viva a esperança de justiça.
Francisco já havia demonstrado solidariedade ao enviar 250 mil euros à Igreja no Líbano logo após a tragédia. Sua presença na cidade representa uma continuidade da pressão moral e do apoio às famílias que lutam por esclarecer as responsabilidades do ocorrido.
Encontros que reforçam a luta por justiça
Noun, que perdeu seu irmão Joe na explosão, viajou a Roma com sua esposa Maria, também vítima direta do desastre. Eles tiveram um encontro marcante com o Papa em 2024, quando Francisco abençoou seu filho ainda no ventre. O episódio simboliza o envolvimento pessoal do pontífice com os sobreviventes.
Durante a visita, Noun destacou a atenção do Papa às histórias humanas, diferentemente de discursos que focam em números. “Ele quis entender a vida por trás das estatísticas”, afirmou. Além disso, o Papa ouviu relatos de familiares de vítimas e falou sobre a importância de uma investigação justa.
Desafios na busca por justiça no Líbano
Ainda sem respostas definitivas, autoridades libanesas continuam a obstruir o avanço das investigações sobre a origem da explosão, causada por 2.750 toneladas de nitrato de amônio armazenadas de forma irregular. Noun afirma que o apoio do Vaticano pode ajudar a romper essa resistência, que envolve interferências políticas e interesses econômicos.
Ele ressalta que, apesar do reconhecimento internacional, pouco foi feito para aprofundar o caso. “Se houvesse vontade sincera, a verdade sairia em poucos meses”, lamenta. O objetivo dele é que a visita do Papa ajude a reacender a luta por responsabilização.
Conexões políticas e o peso do Vaticano
Noun denuncia que grupos como o Hezbollah dificultam as investigações, desviarem a atenção para linhas de acusação sem fundamentos e tentando proteger interesses políticos. O irmão da vítima enfatiza que o movimento tenta impedir que a verdade seja revelada, promovendo uma narrativa de “acidente”.
O Vaticano, segundo ele, possui um papel importante na mídia e na pressão internacional. “O Papa consegue influenciar decisores políticos e manter a questão viva”, afirma. A presença dele no porto pode simbolizar a resistência contra o silêncio e a impunidade.
Perspectivas futuras e atenção às questões regionais
Para Noun, o ato do Papa Leo XIV vai além de uma cerimônia simbólica. É uma demonstração de apoio às famílias e uma mensagem de que a busca por justiça não pode ser esquecida. Além disso, o líder religioso pode ajudar a fortalecer a presença cristã no Líbano, que enfrenta desafios de emigração e tensões sectárias.
Ele alerta que a relação entre as comunidades cristãs e o Hezbollah permanece tensa, e que a Igreja deve atuar para preservar o espaço de liberdade no país. O Papa, ao visitar o Porto, reforça a necessidade de um Estado forte, capaz de garantir direitos e segurança a todas as minorias.
Antes do evento, o padre Dany Dergham sugeriu que o Papa poderia solicitar imagens de satélite para ajudar a esclarecer quem foi responsável pelo desastre, uma demanda importante para as famílias que buscam respostas concretas.
Além do simbolismo: esperança e resistência
A visita ao local da explosão representa uma oportunidade de lembrar que a esperança não morreu entre as famílias vítimas. Para Noun, ela é uma forma de resistência contra o esquecimento e a impunidade, reforçando que a busca por verdade deve continuar. O Papa Leo XIV, com sua presença, traz uma mensagem de solidariedade que pode fortalecer essa luta por justiça no coração do Líbano.



