No cenário político brasileiro, o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) se tornou o centro das atenções após ser flagrado com a esposa em Miami, nos Estados Unidos, mesmo estando sob medidas cautelares que o impedem de deixar o país. O advogado do parlamentar, Paulo Cintra, afirmou que não teve comunicação sobre a saída de seu cliente do Brasil, o que leva a questionamentos sobre a legalidade dessa viagem em meio à situação judicial em que se encontra.
Incertezas sobre a saída do deputado
Na última sexta-feira (21/11), Cintra comentou à reportagem do Metrópoles que “como a decisão do deputado de se ausentar do país só foi comunicada à defesa técnica nesta semana, seu advogado não se manifestará, por ora, sobre o fato e seus desdobramentos”. Isso levanta uma série de questionamentos sobre a comunicação entre Ramagem e sua assessoria jurídica, especialmente em um momento tão delicado.
A Polícia Federal (PF) está investigando as circunstâncias que levaram à saída do deputado do Brasil. De acordo com informações levantadas, sabe-se que Ramagem não está no país desde setembro, tendo se deslocado até Boa Vista (RR), e a PF procura esclarecer se ele deixou o Brasil pela Venezuela ou pela Guiana Francesa, ambas fronteiriças com Roraima, antes de seguir para os Estados Unidos.
Congresso sob pressão
O líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), também declarou estar alheio à viagem de Ramagem ao exterior. Ele mencionou que tentará conversar com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), em busca de suporte para reverter a ordem de prisão contra Ramagem. A expectativa é de que haja um movimento unificado entre os deputados para sustentar o parlamentar, cuja situação se tornou um tema de grande repercussão dentro e fora do Congresso.
“Ele tem mandato, e vamos esperar que a Câmara delibere sobre isso. Vamos fazer campanha contra [a prisão]. O presidente [Motta] já se mostrou ajudador quando da votação que suspendeu o processo, e nossa votação foi expressiva. Não tenho certeza se conseguiremos repetir esse resultado”, afirmou Sóstenes.
A defesa de Ramagem e o contexto da prisão
Sóstenes mencionou ainda a campanha do PL que visava suspender a ação penal contra Ramagem, relacionada aos eventos do 8 de janeiro. Essa medida foi aprovada na Câmara com expressiva votação de 315 a 143 com 4 abstenções, demonstrando o apoio considerável que Ramagem recebe na casa. Essa situação é interpretada como uma reação da oposição e do Centrão (um grupo de partidos independentes) a um que consideram uma ofensiva do Supremo Tribunal Federal (STF) contra a autonomia da Câmara.
Ramagem mantém uma proximidade notável com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), tendo servido como diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante o governo anterior. Recentemente, o parlamentar foi condenado por sua envolvimento em um processo que apura uma tentativa de golpe de Estado, sendo identificado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) como parte do que denominaram como “núcleo crucial” da trama, destinado a oferecer suporte técnico à organização.
À medida que a situação se desenrola, é evidente que o futuro de Ramagem está pleno de incertezas, e as reações políticas em torno de sua possível prisão preventiva se intensificam. O desdobramento dessa narrativa poderá impactar não apenas a carreira de Ramagem, mas também o cenário político mais amplo no Brasil.


