Brasil, 2 de dezembro de 2025
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A economia real na forma de voto para 2026: desafios e percepções

A disputa eleitoral de 2026 será marcada pela percepção da economia real, refletindo no bolso dos eleitores.

O eleitor brasileiro já não se preocupa apenas com indicadores econômicos como o PIB. As questões rotineiras de sobrevivência são mais urgentes: “sobrou dinheiro ou não sobrou?”, “a carne voltou pra mesa?”, “dá pra pagar o boleto sem um Pix no grupo da família?”. Assim, ao analisarmos as eleições e a trajetória econômica do país, é fundamental focar na economia real e no impacto que ela tem na vida do cotidiano dos cidadãos.

A divisão entre percepção e realidade

Vale destacar que, ao observar as planilhas e dados econômicos, percebemos um cenário positivo: o desemprego historicamente baixo, a inflação em queda em relação aos últimos dois anos e um aumento na renda média. Contudo, ao moderar grupos focais ou ao ouvir eleitores, a realidade parece diferente. Muitas pessoas relatam que o salário não é suficiente, que as novas vagas de emprego oferecem piores condições que as anteriores e que as prateleiras continuam vazias, em desacordo com o que os números econômicos sugerem.

A centralidade da economia na disputa eleitoral

A dinâmica da política atual está fortemente relacionada à interpretação econômica, mas não de maneira linear. Antigamente, um número econômico positivo poderia garantir uma reeleição, enquanto um número negativo poderia provocar a queda de governantes. Hoje, essa dinâmica é mais complexa. A maneira como cada eleitor visualiza a economia depende muito do seu alinhamento político. Aqueles que votaram em Lula tendem a perceber uma leve melhoria, apesar das reclamações sobre os preços altos. Por outro lado, os eleitores da oposição frequentemente falam sobre estagnação ou até piora, mesmo vivendo nas mesmas regiões e frequentando os mesmos mercados.

A nova abordagem econômica do governo

O governo atual trouxe à tona questões econômicas mais relevantes para o eleitor: “Quem paga a conta?” e “Quem realmente se beneficia?”. A proposta de isentar o Imposto de Renda até R$ 5 mil tem um apelo direto à classe média, que se vê presa em um sistema que parece beneficiar os mais ricos, que conseguem escapar das altas taxas. O debate sobre taxar grandes fortunas e bancos evidencia um sentimento crescente de injustiça social. Além disso, questões relacionadas ao descanso adequado dos trabalhadores mexem com um aspecto que não aparece nas estatísticas: a qualidade de vida.

O confronto entre segurança e economia

A oposição, por sua vez, reconhece o risco de debater apenas economia e tenta redirecionar a conversa para temas como segurança pública e moral. Imagens de violência e operações policiais se tornaram centrais na campanah, sugerindo que, independentemente de uma leve melhora econômica, o país está fora de controle. Projeta-se que a eleição de 2026 oscile entre as preocupações econômicas e o medo da violência.

Rali: um painel para entender o contexto

Como pesquisador, é fundamental analisar as duas perspectivas. O Rali, uma ferramenta desenvolvida pelo Instituto Locomotiva em parceria com O GLOBO, agrega dados importantes sobre a intenção de voto, avaliação do governo e índices de confiança do consumidor, entre outros. O importante é compreender como esses dados se relacionam e se influenciam mutuamente.

Uma nova pesquisa que mostra uma queda na aprovação presidencial, acompanhada de uma baixa na confiança do consumidor, é um sinal claro de que a economia está pesando mais na mente do eleitor. Em contraste, se a confiança aumenta mas a intenção de voto não muda, isso sugere que outros temas, como segurança e moralidade, estão dominando a atenção.

O futuro: o que esperar em 2026?

O Rali não é uma previsão perfeita, mas oferece respostas importantes para questões chave que ajudam a entender o Brasil. Como a melhora na renda pode impactar a popularidade do governo? O quanto um aumento nos preços dos alimentos pode desfazer ganhos econômicos em curto prazo? Até onde o medo da violência pode ofuscar um sentimento de alívio nas finanças pessoais?

O Brasil é um país pragmático que busca um equilíbrio entre valores e progresso. Em 2026, a economia será o elo que unirá essas dimensões de maneira diferente. Não se trata mais de uma simples correlação entre PIB e eleições, mas de uma disputa pela percepção: quem consegue convencer o eleitor de que, sob sua gestão, cada mês haverá mais dinheiro no final e uma vida melhor em todos os sentidos.

Destarte, acompanhar os dados com atenção, como o Rali possibilita, é crucial para dissociar otimismo superficial em planilhas de um pessimismo alimentado por redes sociais, garantindo que o debate político se baseie na realidade, e não em ilusões.

*Presidente do Instituto Locomotiva

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