O mundo do Cinema se prepara para um encontro especial no próximo dia 15 de novembro, em que o Papa Leão XIV dialogará com artistas do setor. O diretor italiano Roberto Andò, já conhecido por suas obras que exploram temas profundos da existência humana, estará presente e compartilha suas expectativas sobre a importância deste intercâmbio. Neste contexto, ele reflete sobre o papel da sétima arte em nossos dias, especialmente em relação à missão da Igreja e suas preocupações sociais.
A arte como um espaço de diálogo
Roberto Andò, diretor de filmes que desafiam a percepção da realidade, enfatiza o vínculo histórico entre a arte e a missão da Igreja. Em um diálogo com o Papa, ele espera experimentar um desdobramento desse laço. “Na Igreja, existe uma perspectiva muito importante que destaca a tarefa da arte na sociedade”, observa Andò, ressaltando a delicada relação entre o que o Cinema pode expressar e o que a Igreja deseja transmitir.
Expectativas para o encontro
Andò já participou de uma conversa com o Papa Francisco em 2023, e agora retorna com a mesma expectativa de diálogo franco e enriquecedor. Para ele, o Cinema é frequentemente discutido dentro de limitações que muitas vezes sufocam sua verdadeira essência. “É um desejo espiritual de me libertar das amarras que muitas vezes pesam sobre a arte”, menciona ele, enfatizando a necessidade de um espaço onde as ideias possam fluir livremente.
Cinema: um espelho da condição humana
O Papa Leão XIV expressou em uma mensagem em vídeo suas conexões com filmes clássicos, como “A Felicidade Não Se Compra” e “A Vida É Bela”. Segundo Andò, teria um fio condutor entre esses filmes: “O Cinema é um espaço onde vivenciamos emocionalmente histórias que falam sobre a constante queda e renascimento do ser humano”. Esse conceito de resiliência e esperança é essencial nos dias de hoje, num mundo marcado por crises sociais e políticas.
A voz dos marginalizados
A exortação apostólica “Dilexi te” do Papa trata da atenção da Igreja para com os pobres e marginalizados. Andò acredita que “o Cinema sempre teve a vocação de fazer parte de um discurso social”. Ele observa que, atualmente, muitas populações correm o risco de perder dignidade, e a arte deve contribuir nesse sentido. “Acredito que o Cinema deve ajudar a representar aqueles que não conseguem lidar com as adversidades”, afirma.
A representação do sagrado na sétima arte
O sagrado, segundo Andò, pode se manifestar em diversas formas no Cinema. Sua obra recente, “Sarabanda”, inspirada em um filme de Ingmar Bergman, trata do desespero humano e da busca pelo sagrado em meio à angústia. Em “As Confissões”, ele explora o papel de um monge cartuxo, colocando o sagrado em contraste com questões econômicas e políticas contemporâneas. “Esse monge busca agir apartadamente, em um mundo dominado pela busca do lucro, o que nos faz refletir sobre a responsabilidade social”, diz Andò.
O Cinema e a política contemporânea
Roberto Andò observa que o Cinema hoje é menos influente do que em épocas anteriores, quando obras-primas como “O Grande Ditador” de Chaplin tinham um impacto global significativo. Ele reflete sobre a atual impotência tanto da arte quanto da política em oferecer soluções concretas para os conflitos contemporâneos. “É um tempo de impotência, mas o Cinema ainda possui a capacidade de nos tocar individualmente, contribuindo para o nosso próprio processo de reflexão”, indica o diretor.
Um encontro de esperanças
A expectativa por este encontro com o Papa é uma oportunidade para o mundo do Cinema se inspirar e buscar novos caminhos. “Apesar das minhas dúvidas e dos meus vácuos dramáticos, nunca perdi a fé”, confessa Andò. Ele acredita que esse diálogo poderá resultar em novas compreensões sobre o papel do Cinema na sociedade e sobre o que o Papa espera dessa interação. “É uma chance de ouvir a voz do novo Papa e compreender o que ele nos pede como artistas”, conclui.
Assim, a sinergia entre o Cinema e a mensagem espiritual do Papa Leão XIV promete não apenas reviver a conexão entre arte e fé, mas também abrir portas para um futuro mais sensível às eternas questões humanas que influenciam nosso cotidiano.



