Na noite da última quarta-feira (12), uma situação assustadora se desenrolou no Engenho de Dentro, no Rio de Janeiro, quando uma passageira de mototáxi foi baleada. Joana Darc Lage, escritora e pedagoga de 51 anos, relatou que foi atingida por seis projéteis após o condutor do veículo desobedecer uma ordem de parada dada por policiais. O incidente gerou uma onda de medo e insegurança na comunidade, levantando questões sobre a abordagem policial na área.
Detalhes do Incidente
De acordo com a escritora, ela estava retornando para casa, em Inhaúma, após realizar um trabalho social com idosos em Queimados. Ao pegar um mototáxi na estação de trem do Engenho de Dentro, ela logo se deparou com um bloqueio policial. Joana relatou que, ao ser dada a ordem para parar, o mototaxista acelerou a moto, desobedecendo aos agentes.
“Parece que eles estavam procurando por alguém”, disse Joana, lembrando do momento em que o policial tocou no guidão da moto, pedindo para o motorista encostar. Ao invés de obedecer, o mototaxista aumentou a velocidade, resultando em uma corrida perigosa pelas ruas da cidade.
A Terrível Experiência
Durante a fuga, Joana sentiu uma dor aguda na perna e imediatamente percebeu que havia sido atingida. “Eu gritei muito, muito”, contou ela, ressaltando o terror da situação. Enquanto tentava chamar a atenção do motorista para que ele parasse, a situação se agravou ainda mais com o condutor batendo lateralmente em um ônibus.
“O meu medo é que os policiais tivessem perseguindo a gente e dessem mais tiros. Eu tive medo de morrer”, desabafou Joana, lembrando de seus filhos e de sua mãe, para quem ela clamava em meio ao desespero. Após alguns minutos de tensão, o mototaxista finalmente parou em um local desconhecido, onde ele e Joana perceberam a gravidade das feridas.
Busca por Ajuda Médica
Após perceber o estado de saúde de Joana, o mototaxista, visivelmente nervoso, pediu ajuda a um amigo que a levou até o Hospital Americancor. Devido à falta de vagas na UTI, Joana foi transferida para o Copa D’or, em Copacabana, onde realizou uma série de exames.
“Eles identificaram seis projéteis”, contou, mencionando que os médicos decidiram não realizar uma cirurgia, considerando mais arriscado retirar as balas do que deixá-las alojadas em seu corpo. Joana segue se recuperando, mas revela estar lidando com uma dor intensa, tanto física quanto emocional. “Estou com muita dor. Dor física e dor de alma”, desabafou.
Repercussão e Medidas de Apuração
A situação envolvendo Joana chamou a atenção da comunidade e das autoridades, levando a Secretaria de Estado de Polícia Militar a abrir um procedimento para apuração dos fatos. O caso foi registrado na 26ª DP e a Corregedoria Interna da corporação está acompanhando a situação de perto. Muitos se perguntam sobre a abordagem policial e o que pode ser feito para evitar que tragédias desse tipo se repitam.
Infelizmente, este não é um caso isolado. Apenas alguns dias antes do incidente com Joana, outra abordagem policial resultou na morte de um homem, Andrew Andrade do Amor Divino, de 29 anos, que também não obedeceu a uma ordem de parada e foi baleado. A sequência de eventos tem levantado questões sobre a eficácia e a segurança das práticas policiais no Rio de Janeiro, além do impacto que isso traz para a população.
Enquanto isso, Joana retoma sua rotina, ainda em choque com a experiência traumática que viveu, mas determinada a seguir em frente, ela continua seu trabalho social, agora com uma nova perspectiva sobre a segurança e a proteção nas ruas da cidade.


