A Alemanha está prestes a iniciar um novo processo de recrutamento de jovens de 18 anos, convocando-os para exames médicos militares e implementando um sistema de “conscrição de emergência”. Essa decisão ocorre após meses de discussões internas na coalizão governamental sobre o futuro do serviço militar no país.
Revitalização do serviço militar na Alemanha
Embora a Alemanha não retorne ao serviço militar obrigatório completo, que foi suspenso em 2011, planeja expandir suas reservas treinando até 5.000 jovens a cada ano. As Forças Armadas alemãs, conhecidas como Bundeswehr, precisam recrutar mais 80.000 soldados profissionais para atingir sua meta de 260.000 para a OTAN.
Atualmente, a reserva militar conta com apenas 34.000 membros “ativos” e planeja uma reformulação significativa, prevendo um aumento no número de reservistas para 200.000. A expectativa é que, ao chamar todos os jovens para uma inspeção após seus 18 anos, aumente o contato entre o público e o exército, facilitando problemas de recrutamento.
Modelo sueco como referência
O modelo para essa ressurgência parcial do serviço militar se inspira no sistema sueco, onde apenas os mais aptos e motivados de cada grupo são convocados. Os jovens selecionados terão um tempo de serviço que variará entre sete a 23 meses, dependendo de seu compromisso. Além disso, as mulheres poderão se inscrever, mas de forma voluntária.
Um dos pontos mais controversos nesta reforma é o que fazer caso não haja voluntários suficientes para cumprir a meta anual de recrutar entre 3.000 e 5.000 conscritos. A reforma prevê uma conscrição obrigatória em pequena escala para cobrir tal déficit, embora o governo ainda não tenha esclarecido como isso funcionará.
Benefícios para os recrutas
Para tornar o serviço militar mais atraente, o governo prevê uma série de incentivos, como um salário líquido de € 2.600 por mês e subsídios para obter carteira de motorista. O ministro da Defesa, Boris Pistorius, do Partido Social-Democrata, afirmou que o programa está se tornando “cada vez mais popular” entre os jovens.
Jens Spahn, líder parlamentar da União Democrática Cristã, observou que, quando totalmente funcional em 2027, o programa envolverá o contato e a realização de exames médicos em 700.000 jovens anualmente, o que, segundo ele, estimulará um “debate mais amplo na sociedade” sobre o serviço militar e sua real necessidade.
Desafios e opiniões divergentes
Apesar do entusiasmo de alguns membros do governo, a reforma não está isenta de desafios. Protestos contra a conscrição têm ocorrido, com manifestantes levantando bandeiras e cartazes que dizem “Contra a conscrição. Um fim à preparação para a guerra”, refletindo a preocupação de muitos cidadãos com o militarismo crescente no país.
A questão do serviço militar continua a ser uma discussão polarizada entre os jovens e os setores mais conservadores da sociedade alemã. O medo de involuntariamente servir em um conflito tem trazido resistência ao plano, levantando questões importantes sobre a liberdade individual e o dever cívico em tempos de crescente tensão global.
O futuro do serviço militar na Alemanha passa, portanto, por uma fase de transformação. Enquanto muitos acreditam que essa mudança é necessária para garantir a segurança nacional, outros se preocupam com as implicações éticas e sociais desse novo modelo de recrutamento. A sociedade alemã está prestes a vivenciar um debate aprofundado sobre o papel do militarismo em suas estruturas.
Seja como for, a Alemanha entra em uma nova era de sua política de defesa, que certamente será observada de perto tanto internamente quanto em todo o mundo.


