Uma ação da Polícia Civil deflagrada nesta quarta-feira (12) resultou na investigação de um grupo criminoso que aplicou um golpe financeiro em uma idosa de 66 anos, residente em São José dos Campos, São Paulo. A vítima, que perdeu mais de R$ 3,25 milhões em transferências bancárias, foi alvo do conhecido “golpe do bilhete premiado” em novembro de 2024.
A operação ‘Golpe da Sorte’
Com o intuito de desarticular essa quadrilha composta por pelo menos 23 pessoas, a Polícia Civil realizou mandados de busca e apreensão em São José dos Campos e em outras cidades do Brasil, como Rio Claro, Nova Odessa, Atibaia, Salvador (BA) e Londrina (PR). Embora até o momento ninguém tenha sido preso, a operação resultou na apreensão de aproximadamente R$ 300 mil, 30 mil euros, 50 mil dólares, além de aparelhos eletrônicos e um carro modelo Jeep Compass.
A operação, que contou com o apoio de 50 policiais da Delegacia de Investigações Gerais (DIG) de São José, também levou ao bloqueio de 23 contas bancárias, que acumulam um total de mais de R$ 74,7 milhões. Essa medida visa dificultar a movimentação financeira dos suspeitos, uma vez que o grupo é investigado por estelionato e lavagem de dinheiro.
O golpe do bilhete premiado
No denominado “golpe do bilhete premiado”, os criminosos geralmente abordam vítimas idosas e com alto poder aquisitivo, alegando ter um bilhete de loteria premiado que não conseguem retirar. Para garantir a transação, os golpistas oferecem o suposto bilhete em troca de transferências bancárias que são inferiores ao valor do prêmio anunciado.
O esquema se torna mais complexo à medida que a polícia identificou que, após as transferências, os valores eram enviados para casas de câmbio em montantes fracionados. As investigações revelaram que os recursos, após serem convertidos em criptoativos, eram camuflados através de carteiras digitais, dificultando seu rastreamento.
Como a polícia rastreou os criminosos
Aos investigadores da DIG, a denúncia inicial sobre o golpe sofrido pela idosa serviu de catalisador para uma análise detalhada dos destinos do dinheiro transferido. Por meio de cruzamento de dados bancários, registos de operadoras de criptoativos e informações do COAF, a polícia conseguiu mapear o fluxo de conversão e ocultação dos valores, levando à identificação dos responsáveis pelo golpe.
O modus operandi da quadrilha demonstra a organização e a estrutura complexa desse tipo de crime, que foca em vítimas vulneráveis. De acordo com a polícia, esse grupo especializado na lavagem de dinheiro possui ramificações em vários estados do Brasil, o que torna a investigação ainda mais desafiadora.
Implicações e recomendações
Essa operação é um alerta não apenas para as autoridades, mas também para o público em geral, especialmente as pessoas mais velhas, que frequentemente se tornam alvos de estelionatários. É imprescindível que os cidadãos permaneçam vigilantes quanto a esse tipo de abordagem e relatem às autoridades qualquer tentativa de golpe.
A Polícia Civil continua suas investigações para desmantelar todo o esquema criminoso e encoraja as vítimas de golpes financeiros a procurarem a polícia para que medidas adequadas possam ser tomadas. O episódio reforça a importância da conscientização sobre fraudes financeiras e o fortalecimento das iniciativas de proteção ao consumidor no país.
Por fim, a operação ‘Golpe da Sorte’ ilustra a eficácia da colaboração entre diferentes corporações no combate ao crime organizado e à necessidade contínua de manter a sociedade informada e protegida contra fraudes.


