A Polícia Civil do Piauí está em plena investigação de um suposto esquema de desvio de verbas durante a gestão do ex-prefeito de Teresina, Dr. Pessoa, entre 2021 e 2024. Nesta terça-feira (10), o delegado Ferdinando Martins, chefe do Departamento de Combate à Corrupção e Lavagem de Dinheiro (Deccor), anunciou que será solicitado à Justiça a prorrogação dos inquéritos em andamento, a fim de arrecadar mais 30 dias para análise do material apreendido.
Desvios e principais envolvidos
Entre os investigados, destaca-se Sol Pessoa, ex-chefe de gabinete da prefeitura, identificada pelas autoridades como uma das principais figuras de um possível “grupo criminoso”. O delegado Martins enfatizou que o foco da investigação e da análise é o material que inclui documentos e celulares, os quais começaram a ser recebidos na última semana. “Recebemos celulares e agora iremos analisar todo o material”, afirmou Martins em entrevista à TV Clube.
Operação Gabinete de Ouro
Deflagrada em 14 de outubro, a operação Gabinete de Ouro investiga a movimentação financeira que totaliza cerca de R$ 75 milhões. Durante os primeiros passos da operação, Sol Pessoa, juntamente com o empresário Marcus Almeida de Moura e mais dois ex-servidores, foi presa. Contudo, todos os detidos foram liberados após cinco dias. Segundo o delegado, Sol era a responsável pelas negociações com fornecedores e tinha um papel central na alocação de pagamentos e na gestão de terceirizados. “Ela centralizava os pagamentos, realocava terceirizados”, explicou Martins.
Investigações adicionais e vínculos
Além da operação Gabinete de Ouro, outra investigação, denominada “Interpostos”, está em andamento, visando alvos que poderiam estar ligados ao grupo liderado por Sol Pessoa. A nova investigação incluiu dois ex-vereadores de Teresina que atuaram durante a gestão de Dr. Pessoa e Stanley Freire, ex-presidente da Fundação Municipal de Cultura Monsenhor Chaves (FMC), todos eles agora sob investigação. A equipe do Deccor cumpriu sete mandados de busca e apreensão nas operações executadas.
Base da investigação
A investigação começou a partir de um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF), que indicava movimentações financeiras significativas realizadas por dois ex-parlamentares de Teresina entre 2020 e 2023. Durante esse período, um dos ex-vereadores movimentou cerca de R$ 14 milhões, utilizando terceiros para ocultar a origem e a propriedade desse dinheiro, conforme detalhes fornecidos pela delegada Bernadete Santana, também da Deccor.
As investigações atuais revelam não apenas uma complexa rede de desvios de verba, mas também um panorama preocupante sobre a gestão pública e o uso de recursos que deveriam beneficiar a população. A sociedade aguarda ansiosamente por resultados e esclarecimentos sobre este caso que, se confirmado, pode ter um impacto significativo na política local.
Enquanto isso, a Polícia Civil segue com o trabalho de recolher e analisar as evidências, buscando trazer à luz a verdadeira extensão do esquema. O desfecho dessa investigação poderá moldar não apenas a reputação dos envolvidos, mas também influenciar o futuro político em Teresina.



