O presidente argentino, Javier Milei, revelou nesta sexta-feira, em Córdoba, que o governo está negociando com o Tesouro dos Estados Unidos um empréstimo para quitar os vencimentos da dívida do país em 2026. A informação foi divulgada pelo jornal Ámbito.
Medidas para conter a crise cambial e o impacto econômico
De acordo com Milei, o país está avançado nas negociações e busca garantir recursos para enfrentar um ano considerado extremamente desafiador. “Estamos muito avançados”, afirmou ao jornal La Voz del Interior. O governo argentino já realiza intervenções frequentes no mercado cambial para conter a alta do dólar, que voltou a superar o teto da banda de flutuação, com injeções que totalizaram US$ 678 milhões nesta sexta-feira.
Intervenções no mercado cambial refletem crise econômica
Nos últimos três dias, o Banco Central argentino despejou cerca de US$ 1,11 bilhão no mercado financeiro, após intervenções de quarta e quinta-feira que somaram US$ 432 milhões. Essas ações fazem parte de uma estratégia de tentativa de estabilizar o câmbio em meio à crise e à forte desvalorização do peso, que se refletiu na cotação do dólar a 1.515 pesos no Banco Nación — valor que rompeu o limite superior da banda de flutuação oficial.
Contexto político e econômico na Argentina
A crise cambial tem sido um revés para o presidente Milei, que enfrenta uma gradual perda de popularidade e uma deterioração nos indicadores econômicos. Na quarta-feira, foi divulgado que o economia do país contraiu 0,1% no último trimestre, interrompendo uma fase de recuperação.
Milei afirmou que o “pânico político” está contribuindo para uma tempestade nos mercados, levando ao colapso do peso e ao aumento do risco-país. O presidente destacou que há uma descoordenação no mercado financeiro e que o governo tenta resistir às pressões econômicas, incluindo a expectativa de um empréstimo junto ao Tesouro dos EUA para evitar um colapso fiscal.
Próximos passos e agenda internacional
Na próxima semana, Milei viajará para Nova York para participar da Assembleia Geral da ONU. Estava prevista uma reunião bilateral com o ex-presidente Donald Trump, que pode reforçar as negociações financeiras e políticas do governo argentino.
O objetivo, segundo o presidente, é elaborar estratégias que garantam a sustentabilidade fiscal do país, especialmente diante dos vencimentos de US$ 4 bilhões em janeiro e outros US$ 4,5 bilhões em julho de 2026. “Estamos traçando planos para fazer frente às dificuldades deste ano e os próximos”, afirmou Milei.
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