Teresina, 23 de janeiro de 2025
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Clima desafia produção de Café no Brasil e faz preço disparar no mundo

O Brasil, líder mundial na produção de café, enfrenta desafios climáticos.

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O Brasil, maior produtor e exportador de café do mundo, encerrou 2024 com uma produção estimada em 55 milhões de sacas, equivalente a mais de um terço da produção mundial. Apesar da liderança global, o setor enfrenta desafios climáticos e estruturais que pressionam os preços internacionais e estimulam mudanças nos métodos de cultivo.

Altos preços e safras frustradas

Em dezembro de 2024, o preço da libra do café Arábica, a variedade mais consumida globalmente, atingiu seu nível mais alto desde 1977: 3,48 dólares na Bolsa de Nova York, ou 23,22 reais na cotação atual. Esse aumento de 90% em menos de um ano reflete a escassez no mercado causada por quatro safras consecutivas abaixo do esperado no Brasil, entre 2021 e 2024.

“Eu trabalho com café há 35 anos e jamais vi uma situação tão difícil quanto a atual”, afirma Guy Carvalho, um dos principais consultores do setor no país. Ele destaca que a combinação de temperaturas mais altas, chuvas irregulares e investimentos crescentes para manter os níveis de produção está desafiando a rentabilidade dos cafeicultores. Além disso, a expectativa de mais um resultado abaixo do ideal em 2025 gera incertezas no mercado.

O fator do Clima na produção de Café

A seca prolongada e os incêndios florestais que atingiram o Brasil em 2024 exacerbaram a vulnerabilidade do setor. O impacto climático é ampliado por fatores geopolíticos, como possíveis restrições tarifárias com a volta de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos e as regulamentações europeias sobre desmatamento, que podem afetar a competitividade do café brasileiro.

“O clima está nos forçando a repensar o modelo de produção. Não podemos mais depender de práticas tradicionais para sustentar esse nível de produtividade”, explica Carvalho.

Sustentabilidade como solução

Diante dos desafios, produtores brasileiros estão adotando práticas inovadoras para garantir a sustentabilidade e a viabilidade econômica do setor. Em Divinolândia, São Paulo, o cafeicultor Sérgio Lange, de 67 anos, implementa desde 2022 o cultivo de café à sombra de árvores. A técnica, que simula o habitat natural da planta em suas origens africanas, ajuda a mitigar o impacto do calor extremo e oferece benefícios adicionais.

“O café cultivado à sombra amadurece mais lentamente, produzindo grãos maiores e mais doces, que são mais valorizados no mercado”, explica Lange. Além disso, ele e outros produtores da região adotam a “cafeicultura regenerativa”, baseada na coexistência com outras espécies, eliminação de agrotóxicos e uso de água de manancial.

Embora a transição para métodos mais sustentáveis implique inicialmente em uma redução da produtividade, Lange acredita nos resultados a longo prazo. “Sustentabilidade é deixar essa terra para meus filhos melhor do que a encontrei”, afirma com orgulho.

Perspectivas para o setor

A busca por sustentabilidade é mais do que uma tendência; é uma necessidade para o futuro da cafeicultura brasileira. Especialistas destacam que práticas como a regeneração do solo, o uso consciente da água e a diversificação das plantações são fundamentais para garantir a resiliência do setor frente às mudanças climáticas.

Além disso, a valorização de cafés especiais e orgânicos no mercado internacional abre novas oportunidades para produtores que investem em qualidade e métodos ambientalmente responsáveis. Esses produtos têm atraído consumidores dispostos a pagar preços premium, o que pode compensar os custos iniciais mais elevados.

Impacto global

Como maior exportador mundial, o Brasil desempenha um papel central na formação dos preços do café no mercado internacional. A instabilidade climática e os desafios logísticos enfrentados pelos cafeicultores brasileiros afetam diretamente a oferta global, com repercussões para consumidores e distribuidores em todo o mundo.

Em um momento em que o café é mais valorizado do que nunca, o Brasil enfrenta o desafio de equilibrar a demanda crescente com práticas que garantam a sustentabilidade ambiental e econômica do setor. O caminho para o futuro da cafeicultura passa pela inovação, resiliência e adaptação a um cenário em constante mudança.

O café brasileiro está em um momento de inflexão. Enquanto os desafios climáticos e estruturais pressionam o setor, práticas sustentáveis apontam para um futuro mais equilibrado e promissor. A combinação de tradição, inovação e responsabilidade ambiental pode não apenas assegurar a liderança global do Brasil no mercado de café, mas também transformar o setor em um modelo de sustentabilidade para o mundo.

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