A China South City Holdings teve sua liquidação ordenada nesta segunda-feira (11) pela Alta Corte de Hong Kong, tornando-se a maior construtora chinesa em ativos a passar por esse processo desde a crise da Evergrande. A decisão da juíza Linda Chan ocorreu após o pedido do requerente, que solicitou uma ordem imediata de encerramento, uma vez que a empresa não conseguiu avançar em sua proposta de reestruturação.
Crise imobiliária e impactos na China South City
Após meses de negociações frustradas, que não lograram apoio suficiente dos credores, a China South City solicitou ao tribunal uma última chance de recuperação. No entanto, a juíza afirmou que não houve progresso significativo na proposta de reestruturação, o que levou à decisão de liquidar a empresa. As ações da companhia foram suspensas de negociação em Hong Kong nesta segunda-feira.
A liquidação reflete a persistente crise imobiliária na China, que já dura anos e continua a afetar grandes grupos do setor. Apesar das tentativas do governo de conter os efeitos, as vendas de imóveis permanecem fracas, dificultando uma recuperação rápida. Segundo o UBS Group, que até recentemente apostava na recuperação do setor, há uma expectativa de adiamento, a menos que Pequim implemente novas medidas de estímulo econômico.
Desafios na apreensão de ativos e cenário financeiro
Desde 2021, o sistema judicial de Hong Kong já emitiu pelo menos seis ordens de liquidação contra imobiliárias chinesas, incluindo a Evergrande, cujo processo foi marcado por sua complexidade e tamanho de ativos. A liquidação da China South City também enfrenta dificuldades, já que grande parte dos seus ativos está registrada na China continental, o que pode tornar difícil seu auto de avaliação e execução.
De acordo com Andrew Chan, analista da Bloomberg Intelligence, “pode não haver muitos ativos offshore para liquidar”, pois as principais subsidiárias da China South City estão dentro do território chinês. A empresa possui US$ 1,3 bilhão em dívida externa, com mais de 31% desse montante detido por credores-chave, segundo informações do representante legal ao tribunal.
Contexto de inadimplência e mercado de títulos
A empresa entrou em default de suas notas em dólar há mais de um ano, mas seus títulos ainda eram negociados a aproximadamente 25 centavos de dólar na manhã de segunda-feira, dados da Bloomberg. Apesar de estar acima dos preços de títulos de outras incorporadoras inadimplentes, como Country Garden e Sunac, o cenário de recuperação é considerado distante por especialistas.
Rumores indicam que o processo de liquidação pode se estender devido ao grande porte da China South City. Segundo Zerlina Zeng, da Creditsights em Cingapura, “esperamos uma baixa recuperação em seus títulos em dólar, dado o apoio limitado da maior acionista estatal, Shenzhen SEZ”.
Repercussões e condições da empresa
Com passivos totais de aproximadamente HK$ 60,9 bilhões (US$ 7,7 bilhões) em 2024, a empresa apresentava um caixa de HK$ 717,7 milhões (US$ 91,4 milhões). A petição de liquidação foi apresentada pela Citicorp International, que administra os títulos em dólar da construtora, além de ter movido uma ação contra a Shenzhen SEZ no ano passado.
O grande peso da crise reflete os efeitos duradouros da crise imobiliária na China continental, agravada pelo cumprimento de passivos e dificuldades na obtenção de ativos. Especialistas afirmam que a liquidação pode enfrentar obstáculos adicionais devido à forte presença de ativos na China, o que limita as possibilidades de recuperação rápida do valor de mercado.
Segundo o analista Andrew Chan, “haverá uma baixa recuperação em seus títulos, com apoio financeiro limitado por parte do maior acionista”. A estrutura acionária da China South City é semelhante à de empresas que receberam apoio estatal recentemente, como a China Vanke, que em janeiro foi apoiada pelas autoridades locais de Shenzhen para evitar seu colapso.
A decisão de liquidar a China South City demonstra a profundidade da crise no setor imobiliário chinês, que ainda enfrenta desafios estruturais e resistências à recuperação, apesar das tentativas governamentais de estabilização.
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