No último sábado, 19 de julho de 2025, a situação em Gaza se agravou com um triste incidente em que tropas israelenses abriram fogo contra multidões de palestinos que buscavam alimentos em centros de distribuição administrados pela Gaza Humanitarian Foundation. Segundo testemunhas e funcionários de hospitais, pelo menos 32 pessoas morreram por conta dos disparos.
Um cenário caótico de distribuição de alimentos
O evento se desenrolou nas proximidades de um centro de distribuição operado pela Gaza Humanitarian Foundation (GHF), que começou suas operações em maio. O governo dos EUA e Israel tentam substituir o tradicional sistema de distribuição de ajuda liderado pela ONU, alegando que militantes do Hamas desviam suprimentos. No entanto, a ONU nega essas acusações.
A GHF afirma ter distribuído milhões de refeições, mas autoridades locais de saúde relatam que o fogo do exército israelense já matou centenas de pessoas que tentavam acessar os centros de ajuda. As quatro localidades da GHF estão situadas em zonas controladas militarmente.
Embora o exército israelense não esteja estacionado nos locais, ele recua a uma distância segura e afirmou que disparou tiros de advertência após um grupo de pessoas se aproximar dos soldados e ignorar ordens para manter distância. Segundo informações, os disparos ocorreram pela manhã, quando o centro de distribuição estava fechado.
Relatos de testemunhas sobre o ataque
Os ataques fatais ocorreram em grande parte a cerca de 3 quilômetros do centro de distribuição de ajuda em Khan Younis, onde os palestinos se aglomeravam. Mahmoud Mokeimar, um dos presentes, descreveu a cena caótica: “A ocupação abriu fogo em nós de maneira indiscriminada”, relatou, enquanto via corpos caídos ao chão e muitos feridos fugindo.
Akram Aker, outro testemunho, afirmou que os militares dispararam metralhadoras montadas em tanques e drones entre 5h e 6h da manhã. “Eles nos cercaram e começaram a disparar diretamente”, destacou, testemunhando vários feridos. Outro relato veio de Sanaa al-Jaberi, que, com uma sacola vazia em mãos, questionou: “Isso é comida ou morte? Eles não falam conosco, apenas nos disparam.”
O impacto nos hospitais locais
O Hospital Nasser, em Khan Younis, recebeu 25 cadáveres e informou que outras sete pessoas, incluindo uma mulher, foram mortas na área de Shakoush, próximo a outro ponto da GHF em Rafah. O Dr. Mohamed Saker, chefe do departamento de enfermagem do hospital, informou que a unidade tratou 70 feridos, muitos dos quais foram atingidos no rosto e no peito. “A situação é difícil e trágica”, lamentou, mencionando a falta de suprimentos médicos.
Dois outros ataques aéreos no norte de Gaza também resultaram na morte de duas pessoas em Gaza City. No centro de Gaza, o Hospital Al-Awda confirmou a morte de 12 pessoas devido a um ataque a uma casa. Segundo o Ministério da Saúde de Gaza, os bombardeios israelenses já resultaram na morte de mais de 58.000 palestinos, embora não especifique quantos eram militantes, e os dados são considerados como os mais confiáveis na comunidade internacional.
Uma crise humanitária sem precedentes
A população de Gaza, que ultrapassa 2 milhões de palestinos, está enfrentando uma crise humanitária catastrófica. A distribuição em locais da GHF é frequentemente caótica, com caixas de alimentos empilhadas no chão e multidões se aglomerando para conseguir o que puderem. A situação é potencializada pela violência em curso na região, onde Israel e o Hamas ainda se envolvem em conversações de cessar-fogo sem progresso significativo.
Em Tel Aviv, manifestantes exigem que Israel traga todos os reféns de volta e ponha fim à guerra, refletindo um forte apelo por paz em meio a uma tragédia que danifica tanto israelenses quanto palestinos.
Atos de violência no Ocupado da Cisjordânia
Enquanto os combates continuam a marcar Gaza, a Cisjordânia não é poupada da violência. Em Taybeh, um vilarejo cristão palestino, o embaixador dos EUA em Israel, Mike Huckabee, visitou a área após um ataque que resultou em incêndio na Igreja de São Jorge, ocorrendo devido à ação de colonos israelenses extremistas. Huckabee condenou veementemente este ato, que classificou como um crime e um ato de terror.
A violência dos colonos tem aumentado significativamente desde o início da guerra em Gaza, com muitas comunidades palestinas sentindo que não há proteção adequada contra tais ataques.
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Este é um resumo da situação trágica que se desenrola em Gaza e na Cisjordânia, conforme reportado por Samy Magdy em Cairo.