Nos últimos anos, uma nova tendência tem se consolidado no cenário do futebol mundial: jogadores ativos, além de se destacarem dentro de campo, começam a investir e até a assumir a propriedade de clubes. Esse movimento, que antes era típico de ex-atletas, agora vê suas principais estrelas ainda competindo em alto nível empreendendo na gestão de clubes. Casos emblemáticos, como o de Lionel Messi e Luis Suárez, exemplificam esse fenômeno que promete transformar a dinâmica do futebol.
Messi e Suárez: o Deportivo LSM
O mais recente exemplo é o lançamento do Deportivo LSM, uma nova instituição no Uruguai criada por Lionel Messi e Luis Suárez. Lançado em maio deste ano, o clube participará da Primera División Amateur, a quarta divisão do futebol uruguaio. Suárez iniciou o projeto em 2018 e, com a formalização da sociedade, Messi se torna um sócio ativo no clube, que visa não apenas a competição, mas também o desenvolvimento estrutural e esportivo.
Embora não tenham sido divulgadas as porcentagens de participação de cada um, ambos são considerados fundadores do clube. A movimentação desses dois astros do futebol mostra que a busca por envolvimento no esporte não se limita apenas ao campo, mas também se estende às arenas administrativas.
Mbappé e outras estrelas
Outro exemplo notável é Kylian Mbappé, que se tornou acionista majoritário do Stade Malherbe Caen. O atacante francês adquiriu aproximadamente 80% das ações do clube, uma transação avaliada em cerca de € 20 milhões. Isso não apenas gera oportunidade para o clube, que voltou à terceira divisão, mas também coloca Mbappé em uma posição decisiva, reforçando seu vínculo com uma instituição que o encantou desde a juventude.
Vinícius Júnior, também estrela do Real Madrid, está gerindo um consórcio que adquiriu o FC Alverca, clube tradicional em Portugal que retornou à Primeira Liga. Com essas participações, jogadores como Messi, Suárez, Mbappé e Vinícius Júnior estão rompendo barreiras entre seus papéis tradicionais e suas ambições empresariais dentro do futebol.
Iniciativas de jogadores em todo o mundo
A presente onda de jogadores ativos se envolvendo em clubes não se restringe somente aos nomes mais conhecidos. N’Golo Kanté, por exemplo, tornou-se o proprietário do Royal Excelsior Virton, na terceira divisão da Bélgica. Esse movimento é impulsionado pela crescente percepção de que o envolvimento no futebol pode transcender a prática esportiva, influenciando também o aspecto empresarial do jogo. Kanté visa reestruturar o clube, estabilizar o elenco e fortalecer as categorias de base.
Luka Modrić, croata e recente ícone do futebol, também se juntou à lista, tornando-se acionista minoritário do Swansea City, clube galês. Sua participação é uma contribuição para o clube no desenvolvimento de um projeto de longo prazo, aproveitando sua experiência e prestígio acumulado no futebol profissional.
Explorando novas oportunidades
Empresários e investidores não são os únicos a perceber o valor de um ativo esportivo; a mudança na visão dos atletas em relação ao futebol como um mercado e uma oportunidade de investimento vem crescendo de forma acentuada. Nessa rotação empresarial, jogadores como Héctor Bellerín, que investiu no Forest Green Rovers, também estão focando em iniciativas sustentáveis dentro do esporte.
Os exemplos diversificados de jogadores que se tornaram proprietários ou acionistas revelam as variadas motivações por trás disso: desde questões financeiras até um desejo de promover valores pessoais ou comunitários. No entanto, o mais intrigante são as implicações de uma mudança cultural e empresarial que se instala silenciosamente, mas com forte potencial transformador.
Um novo capítulo no futebol
A presença crescente de jogadores ativos em clubes evidencia uma mudança cultural no esporte. A transição da exclusividade de ex-jogadores para personagens em atividade sinaliza uma nova era, onde jogadores ativos desempenham papéis na gestão e no futuro de clubes que impulsionaram suas carreiras. Se isso é uma moda passageira ou um novo capítulo na estrutura do setor esportivo, apenas o tempo dirá, mas o presente aponta para uma interseção entre o profissionalismo do futebol e a lógica corporativa que transforma o próprio jogo.
Acompanharemos de perto como essa tendência evolui, especialmente num contexto onde a paixão pelo esporte se funde com as dinâmicas de negócios, moldando o futuro do futebol de maneiras que ainda estamos começando a descobrir.