Brasil, 19 de julho de 2025
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Tarifas de Trump prejudicam exportações brasileiras antes do esperado

Decisão de impor tarifas de 50% ao Brasil já causa impactos na venda de carne, mel, madeira e outros setores, com possíveis retrações econômicas

A decisão do governo dos Estados Unidos de aplicar tarifas de 50% às importações brasileiras, anunciada por Donald Trump, já provoca prejuízos à economia do país, mesmo antes da entrada em vigor prevista para 1º de agosto. Importadores norte-americanos estão cancelando pedidos e empresários brasileiros segurando produções para evitar perdas.

Impactos na carne e na pescados causada pelas tarifas de Trump

Em Mato Grosso do Sul, frigoríficos que exportam carne aos EUA suspenderam suas operações, como confirmado pelo Sindicato das Indústrias de Frios, Carnes e Derivados do estado. Quatro empresas — JBS, Naturafrig, Minerva Foods e Agroindustrial Iguatemi — já interromperam suas vendas ao mercado americano, que responde por 12% do volume exportado pelo Brasil. Após a China, os Estados Unidos representam o maior mercado do setor.

Além da carne, os pescados também sofrem os efeitos. No Nordeste, empresários suspenderam imediatamente as exportações, com pelo menos 58 contêineres de peixes, lagostas e camarões retidos nos portos de Salvador, Pecém e Suape. Segundo o presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Pescados, Eduardo Lobo, 70% das vendas internacionais do setor têm como destino os EUA, deixando o setor altamente vulnerável.

Setores de madeira, mel e rochas naturais também são afetados

No Paraná, a indústria madeireira de Jaguariaíva adotou férias coletivas para 700 funcionários, diante da suspensão de embarques para os Estados Unidos, que absorvem 42,4% das exportações do setor no Brasil. A Associação Paranaense de Empresas de Base Florestal estima que o setor gera cerca de 400 mil empregos diretos e indiretos no estado.

Já no Piauí, o impacto foi imediato: o cancelamento de grandes pedidos de mel orgânico, que representam pelo menos 500 toneladas do produto, obrigou empresas como o Grupo Sama a armazenar a produção em câmaras refrigeradas, acarretando custos adicionais.

No Espírito Santo, compradores norte-americanos suspenderam os embarques de rochas naturais, principais produtos de exportação do estado, responsável por 82% da receita do setor. As exportações representam, em média, 66% das vendas externas do Espírito Santo até o momento.

Outros setores brasileiros também enfrentam incertezas e prejuízos

No setor de móveis do Rio Grande do Sul, as exportações foram interrompidas, enquanto no Vale do Paraíba, a Embraer estima perdas de até R$ 20 bilhões até 2030, pelos 45% das vendas de jatos comerciais feitas para os Estados Unidos. No agronegócio, a indústria de laranja, responsável por uma cadeia que emprega cerca de 200 mil pessoas, teme forte retração diante da possível alta de impostos, que pode chegar a 400% para o café brasileiro, principal produto de exportação para os EUA.

O Porto de Santos, principal porta de entrada do café exportado pelo Brasil, estima uma possível perda de até R$ 145 milhões em receitas, além de centenas de empregos, devido à diminuição na movimentação de cargas. Países do Nordeste, como Pernambuco, também enfrentam temores semelhantes nas exportações de uvas, açúcares, e produtos metálicos.

Perspectivas futuras e continuidade dos efeitos econômicos

Analistas e empresários alertam que os efeitos das tarifas de Trump já são sentidos na cadeia produtiva brasileira, com possíveis retrações na produção, aumento de custos e demissões em diferentes setores. A expectativa é que, diante do impacto, o governo brasileiro crie mecanismos de defesa e negocie um recuo na medida, que prejudica ainda mais a estabilidade econômica do país.

Segundo fontes do setor, há um movimento de pressão para que os Estados Unidos reconsiderem as tarifas, na tentativa de minimizar os prejuízos de uma medida que demonstra grande impacto na balança comercial brasileira e na geração de empregos.

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