Brasil, 19 de julho de 2025
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A experiência de ser campeã em um concurso de não fazer nada

Uma psicóloga educacional reflete sobre sua vitória no Space-Out, um concurso que celebra a arte de simplesmente existir.

Em um mundo cada vez mais acelerado e competitivo, as expectativas sobre produtividade podem gerar uma ansiedade considerável. Foi esse cenário que inspirou uma psicóloga educacional, que cresceu em Hong Kong, a explorar novas formas de lidar com as emoções e a pressão exterior. Desde 2012, ela pratica mindfulness, uma técnica que a ajuda a manter a mente clara e a lidar com os desafios diários.

O concurso Space-Out: um espaço para a calma

Foi buscando essa tranquilidade que ela se interessou pelo concurso Space-Out, um inusitado evento que promove a arte de não fazer nada. Criado pelo artista sul-coreano Woopsyang em 2014, o Space-Out chegou a Hong Kong, onde a psicóloga decidiu participar de uma de suas edições no mês de outubro passado. O concurso consiste em “espaçar-se” – ou seja, sentar-se em silêncio e em completo estado de inação por 90 minutos, sendo observado por juízes e espectadores.

A competição foi realizada em um espaço aberto dentro de um movimentado shopping na cidade, onde cerca de 100 participantes se acomodaram em seus colchonetes. Durante a prova, os juízes monitoravam a frequência cardíaca dos concorrentes a cada 15 minutos, uma experiência que, segundo a psicóloga, poderia ser estressante. “Essas intervenções me deixavam nervosa, eu sentia meu coração acelerando, mas tentei usar isso como uma oportunidade para praticar a aceitação”, relata.

Observando a própria mente: um exercício de mindfulness

Durante as quase duas horas de competição, a psicóloga descreve como se despediu da ideia de se distrair e começou a observar os próprios pensamentos. Ela percebeu que sua mente vagava entre memórias da família, sons ao seu redor e a sensação da brisa na pele. “Embora o evento fosse sobre não fazer nada, descobri que estava, na verdade, praticando mindfulness ativamente”, conta. Para ela, essa experiência foi um convite para se reconectar consigo mesma em meio ao caos cotidiano.

“Apenas estar presente é um dos maiores presentes que podemos dar a nós mesmos.”

Ao final dos 90 minutos, a psicóloga sentiu que ainda precisava de mais tempo naquele estado de presença e relaxamento. Em sua rotina agitada — equilibrando compromissos de trabalho, estudos e a criação de duas crianças — ela valoriza cada instante de quietude. Para muitos, a ideia de permanecer em silêncio por quase uma hora e meia seria um verdadeiro pesadelo. No entanto, para ela, foi uma experiência enriquecedora.

Reflexões sobre o valor da pausa

Surpreendentemente, a psicóloga foi anunciada como a vencedora do concurso. A decisão do público não se baseou apenas em quem aparentava estar mais “espaçada”, mas também em como os participantes expressaram suas motivações durante a competição. A vitória a fez refletir sobre a necessidade de desacelerar em um mundo que valoriza a produtividade acima de tudo.

“É vital reservarmos um tempo para nós mesmos. Em várias partes do mundo, as pessoas vivem sem parar, como se fazer uma pausa fosse sinônimo de preguiça”, conclui. O prêmio que recebeu, uma estatueta inspirada na famosa obra “O Pensador” de Rodin, agora ocupa um lugar de destaque em sua sala de estar, servindo como um lembrete constante da importância de encontrar momentos para simplesmente existir e se nutrir.

Ao final de sua experiência, a psicóloga encoraja todos a incluir pequenos momentos de inatividade em suas rotinas diárias. Isso, segundo ela, não apenas ajuda a reduzir a ansiedade, mas também proporciona um espaço para que possamos nos redescobrir e valorizar o presente, mesmo em um mundo que nunca para de girar.

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