A operação deflagrada pela Polícia Federal (PF) nesta sexta-feira (18/07) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) deixou a oposição atônita. Nos bastidores, lideranças da direita têm afirmado que é preciso digerir as medidas restritivas ao ex-mandatário para entender a extensão do seu impacto e, somente após a montagem do panorama, definir estratégias de reação. A situação é tensa e mobiliza um amplo espectro político.
A ação da Polícia Federal
A operação foi determinada pelo ministro da Corte Alexandre de Moraes, que impôs uma série de medidas restritivas a Jair Bolsonaro. O ex-presidente não pode usar redes sociais, terá de usar tornozeleira eletrônica, se recolher em casa todas as noites e está proibido de se aproximar de embaixadas. Essas restrições podem influenciar não apenas a sua rotina diária, mas também sua capacidade de interagir com aliados e o público em geral.
Buscas também acontecem no escritório político de Bolsonaro, na sede do PL, reforçando a gravidade das investigações. Essas ações estão ligadas a uma possível tentativa de obstruir as investigações sobre os eventos de 8 de janeiro de 2023, quando ocorreu a invasão ao Palácio do Planalto.
Reação da oposição
Apesar da situação ainda estar sendo avaliada, uma alternativa citada por lideranças bolsonaristas é a articulação via Legislativo. Uma ala do PL defende conversar com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), sobre três pautas que estão paradas na Casa:
- A instauração da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do abuso de autoridade;
- O projeto de anistia aos envolvidos no 8 de janeiro, que poderia beneficiar o ex-presidente Jair Bolsonaro;
- A proposta que limita decisões monocráticas de ministros do STF.
Essas pautas, se aprovadas, poderiam mudar o cenário atual e oferecer uma saída legislativa para os aliados de Bolsonaro. O clima entre os apoiadores do ex-presidente é de urgência, pois eles sentem que essa é uma oportunidade de reorganizar suas forças no Congresso Nacional.
Decisões do STF e suas implicações
Os bolsonaristas acreditam que há espaço para conversar com Motta, especialmente devido a uma recente derrota da Câmara contra o STF. A Corte, por decisão de Moraes, fez voltar a valer o decreto do presidente Lula que reajustou o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), um aumento que havia sido derrubado pelo Legislativo. Essa dinâmica de poder poderá aumentar a tensão entre o Congresso e o Judiciário.
Implicações das medidas restritivas
A Polícia Federal apontou ao STF que as ações de Bolsonaro indicam incentivo às sanções impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao governo brasileiro. Segundo os investigadores, as movimentações do ex-presidente e do deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) começaram em 7 de julho, com o intuito de instigar seus seguidores contra o Poder Judiciário.
Para a PF, as ações de Bolsonaro foram cruciais para que Trump adotasse medidas econômicas contra o Brasil, “buscando criar entraves econômicos nas relações comerciais entre os Estados Unidos da América e o Brasil”. Essa conexão internacional traz uma nova dimensão às investigações, pois coloca o Brasil em uma posição vulnerável nas relações exteriores.
Além de ser obrigado a usar tornozeleira eletrônica, o ex-presidente não poderá usar redes sociais, comunicar-se com embaixadores e diplomatas estrangeiros, nem se aproximar de embaixadas. Esse cerceamento de liberdades pode ter um impacto significativo em sua capacidade de mobilizar apoio político, um fator crucial em momentos de crise.
O futuro político de Bolsonaro
Com as novas restrições, o futuro político de Jair Bolsonaro se apresenta incerto. A operação da PF não apenas afeta sua credibilidade, mas também coloca seus aliados em uma posição desconfortável. O cenário é de agitação máxima, enquanto todos os olhos estão voltados para as próximas decisões do Judiciário e para a reação da oposição. A conjuntura atual pode desencadear mudanças significativas no panorama político brasileiro.
Enquanto a operação e suas consequências continuam a repercutir, o debate sobre os limites do poder e a estatura das instituições democráticas se intensifica, deixando a sociedade brasileira em alerta quanto ao seu futuro.
