Recentemente, o Ceará tem enfrentado uma série de ataques a provedores de internet, orquestrados por facções criminosas que buscam extorquir as empresas do setor. O caso ganhou notoriedade após a prisão do chefe de um desses grupos pela Polícia Civil, destacando a gravidade da situação, que já resultou em um prejuízo estimado de R$ 1 milhão.
Um panorama de medo e prejuízos
Entre fevereiro e março deste ano, diversas empresas de internet em cidades cearenses como Fortaleza, Caucaia, Caridade e São Gonçalo do Amarante foram alvos de ataques brutais. Os criminosos, vinculados à facção Comando Vermelho, não hesitaram em usar violência para impor suas exigências: incêndios de veículos, tiros contra as sedes das empresas e cortes de cabos de internet eram parte do modus operandi da quadrilha.
Segundo o delegado da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas, Alisson Gomes, o objetivo dos ataques era extorquir as empresas, forçando-as a repassar uma parte das mensalidades pagas pelos clientes. “Essas ações eram direcionadas àquelas que não se submetem a essa forma de coerção”, afirmou Gomes.
O impacto nas comunidades
As consequências dessa onda de violência não foram sentidas apenas pelas empresas, mas também pelos consumidores, que em muitas localidades ficaram sem acesso à internet. Até o momento, a Secretaria da Segurança Pública e as empresas afetadas não divulgaram o número de clientes prejudicados pelos ataques.
A situação se agravou a ponto de algumas operadoras precisarem suspender suas atividades em certas regiões, deixando muitos sem acesso à internet. O cenário é preocupante, uma vez que, além do impacto econômico, a falta de internet afeta a comunicação e o desenvolvimento de trabalhos e estudos em um mundo cada vez mais digitalizado.
Cronologia dos ataques no Ceará
Abaixo, apresentamos uma cronologia dos principais incidentes registrados que mostram a escalada de violência a partir de fevereiro:
- 22 de fevereiro: Dois veículos da Brisanet são incendiados no Bairro Jacarecanga, em Fortaleza.
- 27 de fevereiro: Criminosos vandalizam uma empresa no distrito do Pecém, em São Gonçalo do Amarante.
- 6 de março: Carro de serviço da Brisanet é incendiado no Conjunto Metropolitano, em Caucaia.
- 7 de março: Facção destrói várias fiações de uma operadora em Caridade, deixando 90% dos clientes sem internet.
- 8 de março: Governador do Ceará, Elmano de Freitas, anuncia a formação de um grupo de combate à facção.
- 9 de março: Uma empresa é atacada em Caucaia, logo após um anúncio de combate a crimes desse tipo.
- 10 de março: A empresa Acnet tem a fachada alvejada por tiros em Caucaia.
- 11 de março: Criminosos atacam um veículo da Brisanet, atirando pedras.
Respostas das autoridades
A Polícia Civil, numa ação coordenada, já prendeu 78 pessoas envolvidas nesse tipo de crime desde o início dos ataques. A recente prisão do chefe do grupo criminoso, anunciada nesta quarta-feira (16), é considerada um avanço no combate à desigualdade e ao medo instalado nas comunidades cearenses.
Além disso, uma coletiva de imprensa está agendada para esta quinta-feira (17), onde a Polícia Civil detalhará mais informações sobre a prisão e os próximos passos na investigação. A presença da autoridate busca não apenas esclarecer a situação, mas também reafirmar o compromisso das autoridades em proteger as empresas e cidadãos inocentes que sofrem com a criminalidade.
Conclusão
A luta contra a violência e a exigência de pagamentos indevidos por parte de facções criminosas no Ceará ainda está longe de um fim. No entanto, a resposta das autoridades e a mobilização da sociedade se mostram essenciais para a recuperação da segurança e da normalidade nas operações das empresas de internet. Está cada vez mais claro que, para enfrentar o crime organizado, a união entre o setor público e privado é fundamental.
Os próximos meses serão cruciais no combate a essa criminalidade e na restauração da paz em áreas afetadas por esses atos violentos. A proteção das empresas de internet é não só vital para seus negócios, mas também para a continuidade do serviço essencial que oferecem à população.