Na quinta-feira (22), a produção de Love Island USA anunciou a saída de Cierra Ortega do reality por uma “situação pessoal”, mas os detalhes internos revelaram um caso de racismo que gerou repercussão nas redes sociais. Ortega foi alvo de críticas após surgirem posts antigos em que utilizava o termo racista “chink” para se referir às suas próprias feições asiáticas.
O que aconteceu com Cierra Ortega e o impacto na audiência
A derrota de Ortega veio após uma campanha online de fãs que resgataram comentários antigos da participante, nos quais ela usava o termo de forma descontraída, como se fosse uma descrição normal de sua aparência. Em uma história de Instagram, ela inclusive explicou o uso do termo ao mencionar procedimentos estéticos, dizendo que “podia ser um pouco chinky ao rir”.
Recentemente, ela foi condenada por utilizar essa palavra duas vezes em posts anteriores, o que levou a uma forte pressão pública. Segundo familiares, Ortega e sua família têm recebido ameaças, uma consequência que muitos associa ao uso de palavras carregadas de racismo, mesmo quando ditas de forma casual.
A relação entre o uso do termo e o racismo estrutural
Especialistas alertam que a palavra “chink” tem uma história racista de mais de um século, sendo usada para desumanizar e ofender asiáticos nos Estados Unidos, desde o século XIX. João S. Kim, professora de estudos asiano-americanos na Universidade de Toledo, explica que esse tipo de linguagem perpetua estereótipos e o racismo estrutural ao normalizar uma violência que parece até “normal”, como descrições estéticas ou comentários populares na cultura pop, incluindo o rap.
Comparações com outros episódios na mídia
O episódio de Ortega fez lembrar do caso de Cardi B, que em 2020 foi criticada por usar o termo ao falar de características de seu bebê, Kulture. A rapper posteriormente excluiu o comentário, mas a discussão acerca do uso de racismo casual ainda persiste.
Como o público encara o racismo silencioso na sociedade
Enquanto parte do público desconhecia a carga racial do termo, outros admitiram sua ignorância e citaram o uso frequente na cultura popular, especialmente na música, onde expressões racistas muitas vezes se disfarçam de admiração estética. Professora Julia H. Lee destaca que o problema não é apenas entender o que é ofensivo, mas refletir sobre como o racismo se manifesta na percepção social e na linguagem cotidiana.
Histórico do termo e suas origens
O termo “chink” surgiu no século XIX, relacionado à imigração chinesa nos Estados Unidos, usada para caricaturizar e excluir os asiáticos. Mesmo hoje, seu uso comum em redes sociais evidencia como o racismo está enraizado na linguagem e nas atitudes diárias, muitas vezes disfarçado de comentários neutros ou até elogiosos.
Por que o racismo linguístico é tão fácil de ser ignorado
Professores e ativistas destacam que a normalização de palavras racistas nos discursos populares e na cultura pop dificulta o reconhecimento de sua violência. Muitos que usam esse tipo de linguagem, como Ortega, não percebem o impacto que suas palavras podem causar na comunidade asiático-americana, que lida diariamente com discriminação e microagressões.
Consequências e aprendizados
Apesar do episódio ter causado uma crise para Ortega e sua família, especialistas avaliam que o mais importante é o reconhecimento de que racismo, mesmo quando casual ou aparentemente inofensivo, contribui para reproduzir o ódio e a desumanização. A discussão reforça a necessidade de educação contínua e de conscientização sobre o impacto das palavras.
Segundo Joey S. Kim, especialista em estudos asiano-americanos, “quanto mais discutirmos e refletirmos sobre o racismo na linguagem, mais podemos combater o racismo estrutural enraizado na sociedade.”