Nesta segunda-feira, 8 de dezembro de 2025, a Polícia Federal prendeu dois policiais militares acusados de vazar informações sobre operações policiais para a cúpula do Comando Vermelho, uma das facções criminosas mais poderosas do Brasil. Os envolvidos, Rodolfo Henrique da Rosa e Luciano da Costa Ramos Júnior, foram detidos em um desdobramento da Operação Tredo, que investiga a conexão entre a polícia e o tráfico de drogas no Rio de Janeiro.
As prisões e a investigação da Polícia Federal
Os policiais Rodolfo e Luciano atuavam, respectivamente, no Batalhão de Operações Especiais (Bope) e no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. De acordo com a PF, os dois mantinham contato direto com traficantes ligados a Edgar Alves de Andrade, conhecido como Doca, que é um dos líderes em liberdade do Comando Vermelho. A investigação revelou que eles recebiam informações que eram repassadas para Doca através de três traficantes de confiança: Elbert Luiz dos Santos, o Pinduca; Carlos da Costa Neves, o Gadernal; e Manoel Cinquine Pereira, o Paulista.
Detalhes das operações vazadas
As apurações indicam que Rodolfo, conhecido como Da Rosa, prestava serviços logísticos durante as operações e tinha acesso a detalhes cruciais. Com isso, ele conseguia vender informações sobre as ações da polícia para os criminosos. Durante o período investigado, pelo menos duas operações nos complexos da Penha e do Alemão foram comprometidas. Em uma delas, ocorrida em janeiro de 2024, a Polícia Militar tentava realizar uma ação surpresa, mas os criminosos foram alertados e conseguiram escapar.
As tentativas de prisão de Rodolfo foram dramáticas. Ao ser cercado pelos policiais federais em sua residência, ele tentou fugir em um carro blindado, iniciando uma perseguição de 14 quilômetros que resultou em sua captura na Avenida Brasil.
O papel de Luciano no esquema
Além de Rodolfo, Luciano da Costa Ramos Júnior também foi acusado de exercer funções semelhantes, fornecendo informações à facção criminosa. Ele era responsável por repassar dados que alegadamente obtinha de uma fonte ainda não identificada dentro do Bope, tendo como contato direto o traficante Pinduca.
Vale ressaltar que os dois policiais não eram os únicos informantes do Comando Vermelho. Conversas interceptadas pela PF revelaram que uma grande operação nos complexos do Alemão e da Penha, que envolveu 350 policiais, foi vazada tanto por Rodolfo quanto por outros envolvidos no meio criminal, a ponto de não resultar em prisões.
Consequências e reações
As prisões ocorreram durante o cumprimento de 11 mandados expedidos pela 3ª Vara Especializada em Organização Criminosa do Rio de Janeiro, sendo que outros traficantes vinculados ao Comando Vermelho também permanecem foragidos. Entre eles estão Doca, Gadernal e Pinduca.
A Assessoria de Imprensa da Secretaria de Estado de Polícia Militar declarou que a Corregedoria Geral está acompanhando a operação e instaurou um procedimento interno para investigar a conduta dos policiais. Já o Tribunal de Justiça do Rio defendeu que Luciano não tinha acesso a atos administrativos e que sempre esteve fardado quando frequentava o tribunal.
A importância da transparência e ética na polícia
Esses acontecimentos ressaltam a necessidade de uma vigilância constante dentro das instituições de segurança pública. A colaboração entre os órgãos de investigação é crucial para combater a corrupção e fortalecer a confiança da sociedade nas forças de segurança. O compromisso da Polícia Militar em agir de maneira ética e transparente é um passo importante nessa direção, e as investigações devem prosseguir para garantir que todos os envolvidos sejam responsabilizados.
Ao final de um dia de ação e polêmica, o caso dos PMs presos por vazamento de informações ao Comando Vermelho coloca em evidencia a necessidade urgente de uma reforma nas práticas policiais e um debate mais aprofundado sobre as relações entre a polícia e o crime organizado.


