Em uma abordagem pragmática durante a formalização das novas regras para a Carteira Nacional de Habilitação (CNH), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez um apelo ao Congresso Nacional sobre a necessidade de diálogo entre o Poder Executivo e o Legislativo. O evento ocorreu na terça-feira, 9 de dezembro, e ressaltou a urgência de colaboração para a aprovação de importantes projetos de lei que tramitam no parlamento.
A importância do diálogo político
Durante seu discurso, Lula destacou a fragmentação de seu apoio no Congresso e a necessidade de cooperação. O presidente afirmou que, apesar de seu partido ter apenas 69 dos 513 deputados, o diálogo se faz fundamental para a governança. “Teoricamente, eu tenho um Congresso totalmente adverso. Para aprovar qualquer coisa eu preciso de, no mínimo, 247”, argumentou, deixando claro que a construção de alianças é imprescindível para a aprovação de leis.
“Não tem outro resultado: é fazer política. É conversar, dialogar, tentar convencer, ser convencido, ceder. É assim que você exerce a governança”, enfatizou, reforçando a ideia de que a política deve ser um espaço de negociação e entendimento.
Desafios legislativos e a PEC da Segurança Pública
O presidente fez esse apelo em um momento crítico, onde a aprovação de projetos como a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública se torna uma prioridade para o governo. Esse tema, segundo Lula, é considerado o “problema mais grave” enfrentado atualmente pelo Brasil. “Investir em inteligência, nas pessoas certas, no lugar certo, a gente não precisa de genocídio para enfrentar o banditismo”, defendeu o presidente, clamando por uma abordagem mais racional e menos violenta em relação à segurança.
Polarização política em foco
Além da temática da segurança, Lula abordou a crescente polarização política que vem alimentando o ambiente de inimizade entre partidos e ideologias. O presidente citou seu relacionamento anterior com o vice-presidente Geraldo Alckmin e como a política deve ser baseada em acordos e reconciliações. “Eu fui adversário do Alckmin, e hoje ele é meu vice. Isso é política. O resto não é política”, afirmou, destacando a relevância de superar as diferenças pessoais em nome do bem comum.
Atritos com o Congresso
Entretanto, a relação entre o Executivo e o Legislativo não tem sido tranquila nos últimos meses. O governo enfrentou desafios a partir de um rompimento com a Câmara, gerado pelas críticas do líder do governo, Lindbergh Farias (PT-RJ), ao presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB). No Senado, a situação complicou-se ainda mais após Lula contrariar Davi Alcolumbre (União-AP) ao indicar Jorge Messias como advogado-geral da União. Alcolumbre, que lutava por uma indicação mais próxima de seus aliados, viu frustrada suas expectativas ao ver o nome de Messias escolhido para ocupar uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF).
Esses conflitos demonstram como o ambiente político brasileiro pode ser volátil e como a habilidade de navegar por essas tensões é crucial para a governança. A necessidade de fortalecer o diálogo, como Lula reiterou, pode ser a chave para superar os desafios que vêm se acumulando entre o Executivo e o Legislativo nos dias atuais.
O apelo de Lula por uma união em torno de interesses comuns, alinhado à necessidade de ações eficazes no Parlamento, exemplifica o papel vital que um diálogo saudável desempenha na promoção da estabilidade política e social no Brasil.

